RJ em Foco
TJ aceita denúncia e torna réus a deputada Lucinha e ex-assessora
Com quatro votos a favor e dois contra o arquivamento, parlamentares entendem que 'ainda não há indícios e provas suficientes para seguir com o processo que poderia terminar com a cassação da parlamentar'
O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) aceitou, nesta segunda-feira, a denúncia apresentada pelo Ministério Público e tornou rés a deputada estadual Lúcia Helena Pinto de Barros, conhecida como Lucinha (PSD), e sua ex-assessora parlamentar Ariane Afonso Lima. Ambas são acusadas de integrar o núcleo político da milícia comandada por Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho, que domina territórios na Zona Oeste do Rio de Janeiro, região onde a parlamentar possui seu principal reduto eleitoral.
De acordo com o Ministério Público do Rio (MPRJ), Lucinha e Ariane fariam parte do núcleo político da maior milícia do estado, liderada por Zinho. A deputada nega envolvimento em qualquer atividade criminosa. O chefe do grupo paramilitar se entregou à Polícia Federal na véspera do Natal de 2023, uma semana após a apreensão de documentos e celulares na residência da parlamentar, fato considerado um revés para a quadrilha.
A denúncia detalha a investigação que levou aos nomes de Lucinha e Ariane. Em novembro de 2021, policiais receberam informações sobre uma reunião convocada pelo "Bonde de Zinho" com motoboys de Seropédica, na Baixada Fluminense, para negociar valores a serem pagos pelos trabalhadores em troca do direito de atuar na região, controlada pelo grupo armado.
Uma equipe do 24º BPM (Queimados) foi enviada ao local, sendo recebida a tiros. Um policial foi morto na ação. O caso resultou na instauração de inquérito na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), que indiciou e denunciou cinco integrantes da quadrilha, entre eles Rodrigo dos Santos, o Latrell — apontado como número dois de Zinho e principal responsável pelo braço armado da milícia. Latrell foi preso em março de 2022, quando seus celulares foram apreendidos e analisados com autorização judicial.
Para aprofundar as investigações sobre milícia privada e extorsão, foi deflagrada a Operação Dinastia I, com cumprimento de mandados de busca, apreensão e prisão temporária. A operação revelou uma "teia de crimes" envolvendo Latrell e outros membros do grupo, segundo o MP. Vinte e três integrantes da quadrilha foram denunciados, incluindo Domício Barbosa de Souza, conhecido como Dom, Toreto ou Professor.
Com a quebra do sigilo telemático de uma conta de Dom, foram identificadas trocas de mensagens com a deputada, registrada como "Madrinha" na agenda do investigado, e com Ariane, nomeada "Assessora". Dom ocupava posição de destaque no "Bonde do Zinho", sendo responsável pela administração de recursos financeiros e pela arrecadação de valores oriundos do transporte alternativo, considerado a principal fonte de renda do grupo paramilitar.
Em depoimento após se entregar, o miliciano Zinho confirmou que, dentro da organização criminosa, a deputada era conhecida pelo codinome "Madrinha".
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