A Prefeitura de Niterói aposta em políticas integradas de segurança e inclusão social para promover melhorias urbanas e reduzir a criminalidade. Além dos investimentos em tecnologia, como as câmeras do Cisp equipadas com inteligência artificial para reconhecimento de placas de veículos, o município desenvolve ações sociais a partir do Pacto Contra Violência, com foco em geração de empregos para jovens, urbanismo social e programas de transferência de renda.

Reurbanização e educação:

O recém-anunciado programa Vida Nova no Morro, previsto para começar em 2026, vai investir cerca de R$ 800 milhões na transformação das comunidades do Morro do Estado e da Vila Ipiranga, os primeiros locais contemplados. Segundo a prefeitura, a proposta é repaginar a paisagem urbana e fortalecer a inclusão social.

Entre 2018 e 2024, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) mostram quedas expressivas nos principais indicadores de criminalidade em Niterói: letalidade violenta recuou 78,5%, roubos de rua caíram 83,3%, roubos de veículos diminuíram 84,7% e roubos de coletivos reduziram 86,7%.

“Não há contradição entre combater de maneira implacável o crime organizado e planejar ações coordenadas para prevenir a violência e garantir uma segurança pública mais eficiente”, afirmou o prefeito Rodrigo Neves durante o debate Caminhos de Niterói.

Ações preventivas:

Criado em 2018, o Pacto Niterói Contra a Violência estrutura e financia políticas sociais voltadas à prevenção da criminalidade e à promoção da cultura de paz. Com orçamento de R$ 820 milhões, o programa articula segurança ostensiva e ações sociais, como cursos de capacitação e esportes para 50 mil jovens. A Rede Acolher, por sua vez, atua na reinserção de egressos do sistema prisional.

O programa Jovem Eco Social exemplifica a estratégia, atendendo jovens de 16 a 24 anos em situação de vulnerabilidade com formação técnica, educação ambiental e desenvolvimento de habilidades profissionais e sociais. Atualmente, 1.500 jovens recebem R$ 780 mensais durante a capacitação.

O Poupança Escola oferece incentivo financeiro para estudantes da rede pública em situação de vulnerabilidade: R$ 1.200 ao concluir o 9º ano do ensino fundamental e R$ 800 ao terminar o 3º ano do ensino médio. Com 9.600 participantes, o objetivo é combater a evasão escolar, um dos principais fatores de risco para o ingresso no crime.

O programa Aprendiz Musical, com 24 anos de existência e ampliado recentemente, atende mais de dez mil alunos em escolas municipais e polos de formação continuada, utilizando a música como ferramenta de inclusão e desenvolvimento pessoal.

“Decidimos disputar a juventude com o crime, disputar cada menino, cada jovem. Dar uma oportunidade de sonhar e construir uma nova trajetória é um dos instrumentos mais importantes de prevenção à violência”, destacou Rodrigo Neves durante o Fórum Internacional de Segurança Pública da América Latina.

Outra iniciativa é o programa Aluguel Universitário, que beneficiará sete mil jovens universitários com R$ 700 mensais a partir do próximo semestre, visando garantir a permanência nos cursos e estimular a moradia na região central.

Parceria com a comunidade:

No Caminhos de Niterói, o colombiano Hugo Acero, referência em segurança cidadã na América Latina e ex-secretário de Segurança de Bogotá, reforçou a importância do trabalho integrado com as comunidades e do atendimento às necessidades de serviços públicos como educação, saúde e cultura. Segundo ele, o sucesso no enfrentamento à violência depende da atuação conjunta entre poder público e população, experiência comprovada na Colômbia ao enfrentar guerrilhas e crime organizado.