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Aliados de Bacellar articulam sucessão na Alerj em meio a impasse jurídico e político

Se a renúncia se concretizar, a disputa pela presidência da Assembleia pode redefinir o cenário político do Rio. Governador Cláudio Castro resiste à ideia de novas eleições.

Agência O Globo - 10/12/2025
Aliados de Bacellar articulam sucessão na Alerj em meio a impasse jurídico e político
Rodrigo Bacellar - Foto: Reprodução / Instagram

Afastado da presidência da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Rodrigo Bacellar (União) tornou-se o centro de uma movimentação silenciosa pela sucessão do comando da Casa. O ministro Alexandre de Moraes determinou sua soltura, mas proibiu o retorno ao cargo de presidente. Segundo o regimento, a vaga só se abriria em caso de renúncia, perda do mandato ou morte, o que acirrou as articulações nos bastidores.

Três nomes já despontam como possíveis sucessores, mesmo sem definição oficial sobre o futuro de Bacellar. Grupos políticos buscam convencê-lo a renunciar, para que possam influenciar diretamente a escolha do novo presidente.

Um deputado, sob anonimato, classificou o movimento como "um verdadeiro golpe de estado".

Na decisão, Moraes afastou Bacellar apenas da presidência, mantendo seu mandato e permitindo participação em votações e deliberações. Assim, não cabe à Alerj aprovar ou rejeitar as medidas cautelares impostas pelo STF. Sem previsão para o retorno de Bacellar à presidência, parlamentares já articulavam candidaturas antes mesmo de sua saída da carceragem da Polícia Federal.

Entre os cotados, Chico Machado (Solidariedade) busca apoio entre independentes e setores da base governista. Outra candidatura é organizada pela chamada “tropa do Bacellar”, formada por aliados próximos como Rodrigo Amorim (União), Alan Lopes (PL) e Alexandre Knoploch (PL), que negam articulações neste momento.

O PL também discute lançar Douglas Ruas, deputado licenciado e secretário de Cidades, preferido da cúpula do partido para 2027. Ligado ao presidente do PL fluminense, Altineu Cortes, Ruas enfrenta o obstáculo de estar em seu primeiro mandato e fora da Casa.

Com a renúncia de Thiago Pampolha ao cargo de vice-governador, o poder de influência do governador Cláudio Castro aumenta em caso de vacância na presidência da Alerj. Delaroli, presidente interino, não está na linha de sucessão do governo; nesse cenário, quem assumiria seria o presidente do Tribunal de Justiça, Ricardo Couto.

Castro já sinalizou a deputados que é contra novas eleições, especialmente diante de pautas urgentes como a adesão ao Propag e o orçamento de 2026. Apesar do afastamento com Bacellar, o governador manteve indicados do deputado no governo estadual.

Mesmo assim, Castro pode ser decisivo ao apoiar um nome, caso a eleição de um novo presidente seja necessária. O governador deverá renunciar em 2026 para disputar o Senado, conforme exige a legislação eleitoral. Antes da crise, a ideia era que ele deixasse o cargo no prazo limite, permitindo que o presidente da Alerj assumisse interinamente e convocasse eleição indireta.

Se Bacellar renunciar, a Assembleia terá até cinco sessões para eleger novo presidente, que precisará decidir entre disputar a reeleição como deputado ou tentar a de governador. Nesse cenário, a força política de Castro pode prevalecer, abrindo espaço para negociações que envolvam sua própria sucessão e a presidência da Alerj, possivelmente favorecendo nomes de sua confiança para o mandato tampão.