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Aliados pressionam por renúncia de Bacellar na Alerj e cogitam nova eleição

Movimento é visto como arriscado para contornar decisão do STF; PL mantém Delaroli no comando interino e adota cautela

Agência O Globo - 09/12/2025
Aliados pressionam por renúncia de Bacellar na Alerj e cogitam nova eleição
Rodrigo Bacellar - Foto: Reprodução / Instagram

Nos bastidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), cresce um movimento considerado altamente perigoso por interlocutores da Casa. Deputados aliados de Rodrigo Bacellar — grupo conhecido internamente como “tropa de elite” — defendem que o parlamentar renuncie à presidência da Alerj, abrindo caminho para uma nova eleição e a possibilidade de um deles disputar o cargo.

Esse núcleo duro é formado pelos deputados Rafael Nobre, Valdecy da Saúde, Val do Ceasa, Doutor Deodalto, Chico Machado, Rodrigo Amorim e Alan Lopes. Segundo fontes do Legislativo, o grupo tenta convencer Bacellar de que a renúncia seria a única alternativa para manter o comando político do bloco após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que afastou o deputado da presidência e determinou o uso de tornozeleira eletrônica.

A articulação, no entanto, é vista como uma tentativa de driblar a decisão do Supremo, já que o afastamento cautelar não configura vacância definitiva e, portanto, não permite nova eleição. A renúncia voluntária seria o único caminho formal para abrir a disputa pelo cargo, o que, na avaliação de parlamentares, pode ser interpretado como manobra para contornar as medidas impostas pelo STF.

Interlocutores afirmam que o movimento da “tropa de elite” acendeu um alerta dentro da Casa. Além do risco político de confrontar uma decisão do Supremo, a estratégia também é considerada temerária porque aliados admitem que, caso Bacellar renuncie, a chapa formada por esse grupo poderia ser derrotada com ampla vantagem por uma articulação mais ampla entre os demais deputados.

O temor é que a ofensiva, além de fracassar, acelere as investigações envolvendo nomes próximos ao ex-presidente da Alerj. “Esses deputados são o que a própria Casa chama de tropa de choque. Não é à toa”, afirmou um interlocutor, destacando que a movimentação — se levada adiante — pode atingir parlamentares ligados a Bacellar.

PL mantém Delaroli e adota cautela

Enquanto parte do grupo de Bacellar trabalha pela renúncia, o PL, partido do presidente em exercício da Alerj, Guilherme Delaroli, adota tom de cautela. Segundo fontes da legenda, a permanência de Delaroli no comando interino é vista como a solução mais estável diante da crise.

A cúpula do partido ainda aguarda uma conversa definitiva entre o presidente estadual da sigla e o governador Cláudio Castro. A reunião, prevista para os próximos dias, servirá para alinhar decisões estratégicas voltadas a 2026, quando Castro deve renunciar para concorrer ao Senado, e a Alerj terá papel central na eleição indireta para governador.

Até lá, prevalece entre os líderes do PL uma avaliação pragmática: evitar movimentos bruscos que possam ser interpretados como afronta ao STF e preservar o capital político da legenda em meio a um cenário de forte turbulência.

Por outro lado, o partido União Brasil, ao qual Bacellar é filiado, tem evitado comentar sobre a situação. Nos bastidores, a estratégia discutida é tentar reduzir o impacto negativo das investigações sobre a legenda às vésperas das eleições.