RJ em Foco
Do Rio à fronteira com a Bolívia, a rota traçada pela família de Peixão em possível fuga do Brasil
Destino do grupo era a cidade de Corumbá, no Mato Grosso do Sul, no meio do Pantanal, que faz fronteira com duas cidades do país vizinho
Parentes do traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa — conhecido como Peixão — foram detidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao passarem por Campo Grande nesta segunda-feira. Segundo os motoristas que transportavam o grupo, eles foram contratados para levar os passageiros do Rio de Janeiro até Corumbá, no Mato Grosso do Sul, cidade localizada no coração do Pantanal e que faz fronteira com a Bolívia. O trajeto tem cerca de 1.800 quilômetros e exige pelo menos um dia de viagem.
Abordagem e detalhes da operação
Durante a abordagem, estavam no veículo a esposa de Peixão, três filhos e um sobrinho do traficante. Peixão, chefe do chamado Complexo de Israel — que abrange comunidades como Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Pica-Pau e Cinco Bocas, na Zona Norte do Rio —, não foi localizado. Agora, a polícia investiga se ele já teria cruzado a fronteira e estaria aguardando a chegada da família.
A BR-262, onde ocorreu a abordagem, é a nona maior rodovia do país. Ela se inicia em Vitória (ES), atravessa Minas Gerais, passando por Belo Horizonte, chega ao interior de São Paulo e, a partir daí, adentra o Mato Grosso do Sul até alcançar Corumbá.
Corumbá está a 420 quilômetros de Campo Grande e faz divisa com as cidades bolivianas de Puerto Suárez e Puerto Quijarro. Por sua localização estratégica, o município é uma das principais rotas para o tráfico de drogas no Brasil.
Cercada pelo Rio Paraguai, Corumbá abriga a Capitania Fluvial do Pantanal, unidade da Marinha do Brasil. Já na vizinha Ladário, também em Mato Grosso do Sul, está instalado o 6º Distrito Naval, que atua no apoio à repressão de crimes de repercussão nacional ou internacional, especialmente no uso do mar, águas interiores e áreas portuárias, fornecendo suporte logístico, inteligência, comunicações e instrução.
Quem é Peixão
Além de comandar homicídios e extorquir comerciantes, Peixão, que se apresenta como evangélico, é acusado de praticar intolerância religiosa. Relatos apontam que ele teria proibido o uso de roupas brancas por moradores e destruído terreiros nas comunidades sob seu domínio. Em julho do ano passado, circularam nas redes sociais informações de que o criminoso teria determinado a proibição de festas juninas em três igrejas católicas do entorno do Complexo de Israel.
Na ocasião, a arquidiocese negou as ameaças e afirmou que os festejos ocorreram normalmente. Apesar disso, foi registrada uma pichação com a sigla do Terceiro Comando Puro (TCP) em um dos muros laterais da Igreja de Santa Edwiges, em Brás de Pina. Peixão integra a cúpula da facção criminosa. O local pichado fica próximo a um acesso à Favela Cinco Bocas, área sob controle do traficante.
Para marcar território, o criminoso costuma utilizar a bandeira de Israel e frases bíblicas pintadas em muros. Na Cidade Alta, o topo de uma caixa d'água chegou a exibir uma Estrela de Davi em néon, símbolo do domínio do grupo. A estrutura foi removida no início deste ano, durante uma operação das polícias Civil e Militar no complexo.
O perfil violento de Peixão é amplamente conhecido pelos investigadores. Conforme a polícia, ele pune rivais com a morte e é implacável com possíveis infiltrados. Foi também pioneiro no uso de drones para monitorar movimentações policiais e de concorrentes em suas áreas de atuação.
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