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Votação na Alerj que libertou Bacellar surpreende com dissidências de direita e esquerda

No PL, três deputados votaram pela manutenção da prisão; no PT, deputada contrariou a orientação do partido e apoiou a soltura

Agência O Globo - 08/12/2025
Votação na Alerj que libertou Bacellar surpreende com dissidências de direita e esquerda
Rodrigo Bacellar - Foto: Reprodução / Instagram

A votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que resultou na soltura de Rodrigo Bacellar, preso desde a última quarta-feira pela Polícia Federal sob suspeita de vazar informações sobre uma operação contra o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, trouxe surpresas quanto ao posicionamento de parlamentares.

No PL, partido de perfil conservador e do qual Bacellar é um dos principais nomes no estado, três deputados — Douglas Gomes, Célia Jordão e Márcio Gualberto — votaram pela manutenção da prisão. O deputado Delegado Carlos Augusto optou pela abstenção. Ao final, o partido somou 13 votos favoráveis à libertação de Bacellar.

No União Brasil, partido de Bacellar, não houve votos contrários à sua soltura, mas dois parlamentares da legenda estiveram ausentes: Filipe Soares e Vinicius Cozzolino. A ausência de Cozzolino, integrante da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi interpretada como um gesto político calculado. Segundo aliados, ele buscou não se comprometer nem com a base do partido nem com articulações em andamento com o prefeito do Rio, Eduardo Paes.

Outros dois parlamentares ausentes, que eram considerados votos certos para Bacellar, foram Cláudio Caiado (PSD) e Dionísio Lins (PP). A assessoria de Dionísio informou que ele está afastado por licença médica de 15 dias, entre 4 e 18 de dezembro, para tratamento de problemas coronarianos.

Na esquerda, também houve dissidência. A deputada Carla Machado (PT), ex-prefeita de São João da Barra, votou a favor da soltura de Bacellar, contrariando a orientação do partido, que recomendou a manutenção da prisão.

O deputado Douglas Gomes (PL), que votou pela manutenção da prisão, relatou ter sofrido pressões para votar de forma diferente. Ele, que é vereador em Niterói e ocupa temporariamente o cargo de deputado estadual como suplente, preferiu não revelar quem teria exercido essa pressão.

— O Partido Liberal me deu autonomia para escolher meu voto. Sofri muita pressão. Sou deputado suplente e amanhã posso não estar mais aqui, mas sou vereador em Niterói e terei microfone para me posicionar — afirmou Douglas Gomes.

Segundo apuração do jornal O Globo, o secretário de Governo Andre Moura atuou nos bastidores pela soltura de Bacellar, em ação atribuída a uma posição pessoal, e não a pedido do governador Cláudio Castro (PL). Moura é uma indicação do presidente da Alerj no primeiro escalão do governo estadual.

— O governador Cláudio Castro, afirmo, teve total isenção. Nem consegui falar com ele. Mas, dentro da política do Rio de Janeiro, sofri muita pressão para votar diferente do que votei hoje — completou Douglas Gomes.