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Insegurança no Centro: turistas têm celulares roubados em frente ao Teatro Municipal
Em menos de 30 minutos, ao menos quatro visitantes internacionais foram vítimas de furto ou roubo de aparelhos celulares na região da Cinelândia
O Centro do Rio registrou momentos de tensão na tarde desta segunda-feira. No intervalo de 30 minutos, ao menos um roubo e um furto ocorreram em sequência na região da Cinelândia, em frente do Teatro Municipal, um dos principais pontos turísticos da capital fluminense. A série de crimes deixou turistas e pedestres assustados.
Por que o Centro do Rio é
Centro do Rio é onde mais se rouba celular na cidade,
Por volta das 15h, a guatemalteca Karla Ramirez e o marido Eduardo Ramirez passeavam em frente ao Teatro Municipal do Rio, em sua primeira visita a cidade. Ao se depararem com o edifício, Karla tentou registrar uma foto com o seu aparelho celular. No entanto, no momento em que a mulher esticou o braço para encontrar o melhor ângulo para fotografia, um assaltante passou de bicicleta e deu um "bote", levando o aparelho da turista.
Ao perceber o crime, o casal gritou por socorro, e pedestres que estavam na região também começaram a gritar palavras de ordem como "pega ladrão". Entre eles, estavam um homem de terno e gravata que tentou correr atrás do criminoso para reaver o celular da turista, mas não obteve sucesso.
O caminho dos celulares roubados no Rio:
O assaltante acabou se atrapalhando com a bicicleta e seguiu sua fuga a pé, deixando o veículo para trás. O casal de turistas, que ficou assustado com o crime, foi acolhido pela população local e encaminhados até agentes do Centro Presente, após saberem da ocorrência, foram atrás do suspeito. Mas ainda não há informações.
— Infelizmente não é uma cena rara aqui no Centro do Rio. Passo pela região da Cinelândia todos os dias e vejo que estamos vivendo uma banalização do mau — disse uma testemunha.
Dois casos em menos de 30 minutos
O caso se soma a outro ocorrido na mesma região cerca de trinta minutos antes. Por volta das 14h30, o comunicador Emanuel Alencar presenciou um casal de turistas japoneses tentando recuperar um celular furtado.
— O casal não falava português, mas falava inglês. Mesmo assim, não estava encontrando pedestres que também soubessem o idioma. Foi quando fui me aproximei e entendi a situação. Curioso é que enquanto eles me explicavam o que tinha acontecido, uma confusão em outro ponto da Cinelândia aconteceu, chamando atenção de policiais locais. Ao mesmo tempo, o celular que restou com o casal, tocou — informou Emanuel.
Caso Bacellar:
No outro lado da linha, havia um homem informando ter encontrado o aparelho celular próximo do local onde estava o casal. De acordo com ele, o equipamento estaria sozinho em um banco. Assim, ele resolveu ir ligando para os números mais recentes, até encontrar alguém que ajudasse a encontrar o dono. Emanuel tomou a frente da conversa e combinou um ponto de encontro para devolução do telefone.
"Foi uma cena esquisita", lembra Emanuel. Os episódios reforçam a sensação de insegurança enfrentada por turistas e frequentadores do Centro do Rio, mesmo próximos de um ponto turístico da cidade.
Problema de longa data
Segundo o Instituto de Segurança Pública (Isp) do Rio, os números reforçam a sensação de insegurança na área. Embora o roubo de celular tenha registrado em 2025 (1.283 roubos) uma queda de 17% em relação ao ano passado (1.550), os furtos seguem em alta na região do Centro do Rio. Enquanto ocorreram 4.145 furtos de janeiro a outubro de 2024, neste ano ocorreram 5.644 — cerca de 36% a mais.
Em entrevista ao GLOBO em setembro de 2025, Daniel Hirata, sociólogo e coordenador do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Fluminense (Geni/UFF), mencionou que esse tipo de ocorrência é chamada de crime de oportunidade, facilitado pela característica da ocupação daquele território.
Roubo de celular aumentou 33% este ano no Leblon,
— É um lugar comercial, portanto tem uma atração porque é uma centralidade urbana. A circulação (de pessoas) facilita o roubo e também a fuga dos ladrões, além de que ali temos notoriamente lugares de receptação desses aparelhos roubados, seja para a revenda, para a desmontagem e revenda de peças ou encaminhamento para essas centrais que aplicam golpes — observa Hirata, que pontua a importância não só do policiamento ostensivo, como de investigações para atingir essa cadeia criminosa no Centro.
Já o antropólogo Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado-Maior da Polícia Militar, observa que, além de combater esse tipo de crime na rua, é necessário mirar na logística existente por trás dos roubos, que é o que faz os produtos fruto de crime "virarem dinheiro", com a venda do bem em si ou extorsões cometidas a partir de dados obtidos com aparelhos subtraídos.
O caminho dos celulares roubados
O trajeto de um celular roubado no Rio de Janeiro é rápido, organizado e altamente lucrativo — e, segundo o delegado Victor Arthur Tuttman Diegues, responsável por parte das investigações da “Operação Rastreio”, já não se limita mais aos tradicionais camelôs ou boxes de mercados populares. Hoje, há centros especializados, técnicos com conhecimento avançado e até o uso dos Correios para despachar aparelhos furtados por toda a cidade.
Investigações da Polícia Civil apontam que o caminho dos celulares roubados começa na mão dos criminosos que passam os celulares recém-roubados para técnicos com domínio de softwares e ferramentas digitais. Esses aparelhos roubados são "vendidos aos receptadores por preços muito abaixo do mercado.
‘Colocaram arma na minha cabeça’,
Os receptadores atuam principalmente em áreas de grande fluxo comercial. Segundo o delegado Victor Diegues, a lógica do crime no Rio é clara:
— O sujeito vai furtar e roubar. Existem vários ladrões que atuam por conta própria. O objetivo deles é esse. Roubar para passar adiante. O que vai acontecer com esse celular depois não é mais problema do ladrão, mas do receptador — contou o delegado.
Operação Rastreio
A Operação Rastreio é a maior iniciativa do estado para combater o furto, o roubo e receptação de celulares no Rio de Janeiro. De acordo com a Polícia Civil, as ações contínuas já resultaram em mais de 10 mil aparelhos celulares recuperados, sendo mais de 4.400 devolvidos para os seus donos.
Segundo a Polícia Civil, os demais dispositivos estão sendo periciados e analisados, para auxiliar nas investigações, antes que possam retornar aos proprietários. Até o momento, mais de 700 criminosos foram presos, entre roubadores, furtadores e receptadores.
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