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Secretário de Governo busca apoio para Bacellar, mas líder nega interesse do Palácio

Iniciativa teria partido do próprio André Moura, indicado de Bacellar no primeiro escalão do governo fluminense

Agência O Globo - 08/12/2025
Secretário de Governo busca apoio para Bacellar, mas líder nega interesse do Palácio
Rodrigo Bacellar - Foto: Reprodução / internet

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e líder do governo Cláudio Castro na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Rodrigo Amorim (União), negou que exista qualquer interesse do Palácio Guanabara na votação que decidirá se Rodrigo Bacellar (União) continuará preso. O GLOBO apurou que o secretário de Governo André Moura telefonou para alguns parlamentares, orientando o voto favorável à soltura.

Segundo fontes, o lobby teria sido uma iniciativa pessoal do secretário, e não um pedido do governador. André Moura é um dos indicados de Bacellar no primeiro escalão do governo fluminense.

— Não há nenhuma orientação do governo sobre o tema. Há o entendimento de que é um assunto interno e restrito da Casa — afirmou Amorim.

Nesta segunda-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) decidiu, por quatro votos a três, levar ao plenário da Alerj um projeto de resolução para que os parlamentares se manifestem sobre a revogação ou não da prisão de Rodrigo Bacellar, presidente da Casa, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A votação está marcada para as 15h. O deputado Rodrigo Amorim, presidente da comissão, comandou a sessão do colegiado. Em uma reunião marcada por clima tenso e troca de acusações, deputados chegaram a sugerir que uma segunda votação do plenário também definisse se, em caso de soltura, Bacellar permaneceria no comando da Assembleia. Amorim, porém, ressaltou que a discussão se limitaria à constitucionalidade da prisão. Bacellar foi preso em operação da Polícia Federal na última quarta-feira.

Durante o debate, Amorim demonstrou receio de afrontar o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A declaração foi uma resposta ao deputado Vitor Junior (PDT), que sugeriu explicitamente que o plenário da Alerj votasse duas emendas: uma sobre a manutenção da prisão e outra sobre o afastamento de Bacellar da presidência da Casa.

— A Constituição prevê que a gente decida sobre a prisão. Uma vez aprovada a soltura, será enviada ao ministro, que decidirá sobre o que foi decidido aqui. A decisão do ministro é absolutamente técnica, por mais que discordemos do mérito. Mas, por ora, até sob pena de enfrentarmos o Supremo, é preciso nos ater à prisão — declarou Rodrigo Amorim.

A reunião da CCJ se tornou palco de embates e atraiu parlamentares que nem integram o colegiado. Alguns anteciparam o voto que darão em plenário, enquanto Amorim enfatizava que o projeto de resolução enviado ao plenário não continha parecer da CCJ pela manutenção ou não da prisão.

Nos bastidores da Assembleia, já é dada como certa a soltura de Bacellar. A decisão de deliberar apenas sobre a prisão foi uma estratégia adotada por parlamentares temerosos de possíveis sanções do STF. A avaliação nos bastidores é de que uma posição contrária à prisão poderia ser interpretada como alinhamento a interesses de organizações criminosas.