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Adolescentes internados no Degase, no Rio, são majoritariamente ligados a facções
Relatório do Departamento Geral de Ações Socioeducativas revela que mais de 76% dos menores internados em 2025 tinham vínculos com o Comando Vermelho.
Relatório do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase) revela que a quase totalidade dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no Rio de Janeiro possui ligação com facções criminosas. Entre janeiro e outubro de 2025, 76% dos jovens internados eram vinculados ao Comando Vermelho (CV), 17,45% ao Terceiro Comando Puro (TCP) e 1,7% à facção Amigo dos Amigos (ADA). No total, 2.765 adolescentes diferentes ingressaram no sistema nesse período.
O levantamento também destaca o histórico de reincidência: cerca de 42% dos menores que deram entrada no Degase em 2025 já tinham passagens anteriores pelo sistema. Além disso, 46% não estavam matriculados em escolas neste ano.
Parte dos dez adolescentes do Complexo da Penha acompanhados pelo jornal ao longo de um ano já passou pelo Degase. Dos seis que morreram durante o monitoramento, quatro haviam sido internados pelo menos uma vez. Entre os sobreviventes, ao menos dois irmãos foram apreendidos em 2024, com apenas quatro dias de diferença — um por roubo de carro em Madureira, Zona Norte, e outro na Avenida Brasil, após retornar de um confronto na Zona Oeste.
O relatório aponta ainda desafios como a superlotação das unidades e a dificuldade de inserção dos jovens no mercado de trabalho formal. Em 2 de dezembro, havia uma fila de espera de 307 adolescentes para entrada no Degase, considerando todas as medidas de internação, segundo o Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude do Ministério Público do Rio (MPRJ). Para 2026, estão previstas mais 464 vagas, um aumento de 43%.
No que diz respeito à profissionalização, apenas 34 jovens que passaram ou ainda cumprem medida de semiliberdade foram inseridos no Programa Jovem Aprendiz em 2025 — menos de 2% do total de adolescentes atendidos pelo sistema. O relatório não apresenta alternativas para reverter esse quadro.
"A situação desses meninos só vai melhorar com investimento efetivo em educação e profissionalização. Eles precisam saber que são capazes de aprender e atuar fora do tráfico. A criminalidade surge da falta de perspectiva e do apelo ao enriquecimento rápido. É fundamental envolvê-los em políticas públicas, empregos formais e parcerias de longo prazo", afirma a defensora pública Maria Saboya, subcoordenadora da Coordenadoria de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente.
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