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'Não sou deputado', diz Castro ao evitar comentar decisão da Alerj sobre prisão de Bacellar

Governador do Rio participa de evento do Cosud ao lado de outros chefes do Executivo de direita

Agência O Globo - 05/12/2025
'Não sou deputado', diz Castro ao evitar comentar decisão da Alerj sobre prisão de Bacellar
Cláudio Castro - Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

O governador Cláudio Castro (PL) se recusou, nesta sexta-feira, a comentar as expectativas sobre o posicionamento da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) diante da prisão do deputado estadual Rodrigo Bacellar (União), presidente da Casa. A declaração foi feita ao chegar para o evento do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), realizado na Casa Firjan, em Botafogo, Zona Sul do Rio, que reúne governadores como Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; Ronaldo Caiado (União), de Goiás; e Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo.

Questionado por jornalistas, Castro limitou-se a dizer, em tom ríspido:

— Não sou deputado — afirmou o governador.

Castro acrescentou que já havia se manifestado sobre o caso em comunicado divulgado na manhã desta sexta-feira, dois dias após a prisão de Bacellar. No texto, o chefe do Executivo fluminense declarou manter "confiança na condução técnica e imparcial do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal", responsáveis pelas investigações. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a prisão de Bacellar após representação da PF, que apontou o vazamento de informações de uma operação realizada em setembro, supostamente repassadas pelo parlamentar ao então deputado TH Jóias (MDB), alvo da ação.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj se reúne nesta sexta-feira para analisar a prisão de Bacellar. Os sete integrantes do colegiado vão elaborar parecer sobre a manutenção ou revogação da decisão do Supremo. Também será avaliada a determinação de afastamento do parlamentar da presidência da Casa. A decisão final caberá ao plenário, em sessão marcada para a próxima segunda-feira.

Nos bastidores da Assembleia, a expectativa é de que a ordem de prisão seja suspensa, com ampla maioria. Até ontem, deputados evitavam se manifestar publicamente sobre o tema. Após reunião, 12 parlamentares de PT, PSB, PCdoB e PSOL anunciaram voto favorável à manutenção da prisão e ao afastamento de Bacellar do comando da Alerj. Segundo integrantes desse grupo, parte da base de apoio ao governador Castro também pode aderir a esse entendimento, embora haja divisão sobre o futuro da Mesa Diretora.

Bacellar foi preso na última quarta-feira. Em sua decisão, o ministro Alexandre de Moraes baseou-se em relatório da Polícia Federal, que apontou o suposto vazamento de informações sobre a Operação Zargun para TH Jóias, preso no dia seguinte, e em parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR). A PGR justificou que medidas cautelares seriam "insuficientes para conter o perigo apresentado à ordem pública, à instrução processual e à aplicação da lei penal".

A prisão preventiva foi considerada necessária para "neutralizar o perigo recorrente da liberdade do representado", segundo a PGR. O órgão também apontou risco de fuga de Bacellar, devido à sua "situação financeira" e "extensa rede de contatos", além da possibilidade de intimidação de testemunhas.

Além da prisão, Moraes determinou o afastamento de Bacellar da presidência da Alerj. Também foram realizadas buscas e apreensões em endereços ligados a Bacellar, localizados em Botafogo, no Centro do Rio, em Campos dos Goytacazes e Teresópolis; de Thárcio, em Mangaratiba; e de TH Jóias, atualmente preso, em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes.