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Castro reafirma confiança no STF e PF na investigação sobre Bacellar

Presidente da Alerj foi preso nesta semana, suspeito de vazar operação que prendeu TH Jóias por ligação com o Comando Vermelho.

Agência O Globo - 05/12/2025
Castro reafirma confiança no STF e PF na investigação sobre Bacellar
Castro reafirma confiança no STF e PF na investigação sobre Bacellar - Foto: Renato Araújo/Câmara dos Deputados

Dois dias após a prisão de Rodrigo Bacellar (União), deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o governador Cláudio Castro (PL) se manifestou sobre o caso. Em nota divulgada nesta sexta-feira pelo Palácio Guanabara, Castro declarou manter "confiança na condução técnica e imparcial do Supremo Tribunal Federal e da Polícia Federal", instituições responsáveis pelas investigações. A ordem de prisão de Bacellar foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, após representação da PF.

"Acompanho os fatos, ocorridos na quarta-feira (03/12), com a devida atenção institucional. Rodrigo Bacellar é chefe do Poder Legislativo do Rio de Janeiro e é necessário garantir o direito ao devido processo legal", diz trecho da nota atribuída ao governador.

Três órgãos do Estado do Rio — o Centro de Tecnologia de Informação e Comunicação (Proderj), a Secretaria Estadual de Planejamento e Gestão, ambas associadas ao Sistema Eletrônico de Informações (SEI-RJ), e a Imprensa Oficial do Estado (Ioerj), responsável pelo Diário Oficial — foram citados na decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a prisão de Bacellar.

O STF solicitou informações detalhadas, como logs de acesso, documentos, assinaturas, horários e identificação dos usuários envolvidos na exoneração do então secretário estadual de Esporte e Lazer, Rafael Picciani (MDB). A exoneração ocorreu na mesma data em que o então deputado estadual TH Jóias (MDB), suplente de Picciani, foi preso sob suspeita de envolvimento com o Comando Vermelho.

Segundo a Polícia Federal, essa "célere manobra regimental" foi uma "estratégia imediata de controle de danos, visando desvincular a imagem da Alerj do investigado". Para a PF, há "forte indício de que o vazamento de informações por Bacellar sobre a prisão de TH Jóias pode ter tido como objetivo primário proteger agentes políticos aliados à organização criminosa".

Sobre os questionamentos do STF, Castro afirmou que todos "os esclarecimentos solicitados pelo Supremo ao Executivo já foram respondidos, reafirmando nosso compromisso com a legalidade, a transparência e o pleno funcionamento das instituições".

Bacellar foi preso na última quarta-feira por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. A decisão se baseou em relatório da Polícia Federal, que apontou que Bacellar teria vazado informações sobre a Operação Zargun para o então deputado estadual TH Jóias (MDB), preso no dia seguinte, em 3 de setembro. O parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) destacou que medidas cautelares seriam "insuficientes para conter o perigo apresentado à ordem pública, à instrução processual e à aplicação da lei penal".

Assim, a prisão preventiva de Bacellar foi considerada necessária para "neutralizar o perigo recorrente da liberdade do representado", segundo a PGR. O "risco verossímil de fuga" de Bacellar, devido à sua "situação financeira" e "extensa rede de contatos", além da "possibilidade de intimidações, ameaças ou abordagens indevidas a eventuais testemunhas", também foram argumentos usados pela procuradoria.

Além da prisão, Moraes determinou o afastamento de Bacellar da presidência da Alerj. Também foram realizadas ações de busca e apreensão em endereços ligados a Bacellar (em Botafogo e no Centro do Rio, além das cidades de Campos dos Goytacazes e Teresópolis), de Thárcio (em Mangaratiba, na Costa Verde) e de TH Jóias, que está preso em um apartamento no Recreio dos Bandeirantes.