RJ em Foco
Entenda as ligações de TH Jóias com Bacellar e o Comando Vermelho, segundo investigações da PF
Apuração policial apontou que deputado preso em setembro por ser 'braço político' do CV foi avisado de operação na véspera pelo presidente da Alerj
Tiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, deputado estadual do Rio de Janeiro, foi preso acusado de atuar como braço político do Comando Vermelho. Ele assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) em 2024, após ser eleito 2º suplente pelo MDB e ocupar a vaga deixada pela morte do deputado Otoni de Paula Pai. Preso no início de setembro, TH voltou a ser alvo de operação nesta semana. Segundo a Polícia Federal, ele teria sido avisado de sua prisão pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União).
Do céu ao inferno
Em 2017, TH foi detido pela Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), acusado de ser um dos principais articuladores do tráfico de drogas e armas no estado. As investigações apontaram que ele atuava junto a três facções rivais — Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigos dos Amigos (ADA) —, sendo responsável por lavagem de dinheiro e parte da contabilidade criminosa dessas organizações.
TH responde a processos por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, e é suspeito de intermediar negociações de armas com o Comando Vermelho. Apesar do histórico criminal, ingressou na política pelo MDB, que anunciou sua expulsão após a prisão.
Em 3 de setembro deste ano, TH foi novamente preso durante a Operação Zargun, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones, além de lavar dinheiro do tráfico.
Unha e carne
Na véspera da segunda prisão, TH esvaziou sua casa e contratou um caminhão baú para uma mudança às pressas. Conforme a Polícia Federal, ele foi alertado da operação pelo presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, que também foi preso esta semana na operação "Unha e Carne". Bacellar teria orientado TH a fugir.
A investigação revelou uma relação inusitada, em que a carne ganhou destaque. Além de batizar a operação, a carne aparece em um relatório com imagens de um freezer lotado de picanhas, e também é mencionada em mensagens trocadas entre os envolvidos.
De acordo com mensagens recuperadas pela PF, na véspera da operação, já alertado por Bacellar, TH trocou de celular e iniciou uma corrida para "limpar" a casa. Em um dos vídeos enviados ao novo número, ele pergunta a Bacellar se poderia deixar alguns pertences em sua residência, entre eles um freezer cheio de picanhas. Bacellar respondeu de forma direta: “Deixa isso, tá doido? Larga isso aí, seu doido”.
Bacellar já respondia a suspeitas relacionadas ao setor de carnes. Em agosto de 2025, o jornal O GLOBO revelou que um frigorífico em Campos dos Goytacazes, base eleitoral do deputado, era alvo de investigação por suposta improbidade administrativa. O Ministério Público apura possíveis irregularidades na concessão de licença ambiental e em empréstimo do governo estadual ao empreendimento, registrado em nome de um advogado próximo a Bacellar.
Tanto TH Jóias quanto Rodrigo Bacellar negam envolvimento em qualquer atividade criminosa.
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