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Esquerda fecha voto para manter prisão do presidente da Alerj após reunião

Parlamentares da base do governo também podem apoiar decisão pela manutenção da prisão de Rodrigo Bacellar

Agência O Globo - 04/12/2025
Esquerda fecha voto para manter prisão do presidente da Alerj após reunião
Esquerda fecha voto para manter prisão do presidente da Alerj após reunião - Foto: Arquivo

Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira, logo após a sessão, 12 deputados de partidos de esquerda — PT, PSB, PCdoB e PSOL — decidiram votar pela manutenção da prisão de Rodrigo Bacellar e pelo seu afastamento da presidência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Integrantes do grupo afirmam que parte da base do governo Cláudio Castro também pode aderir à decisão, apesar de haver divisão sobre o futuro da Mesa Diretora.

A deputada Renata Souza (PSOL), presente no encontro, inicialmente demonstrou dúvidas sobre o posicionamento a ser adotado. “Uma notícia que nos surpreende e, obviamente, o partido vai tomar a decisão que for cabível nesse sentido. A gente está vendo com muito critério a situação para tentar entender”, declarou à TV Globo.

Após a deliberação interna, Renata reforçou ao jornal O Globo que o grupo optou por apoiar a manutenção da prisão: “As acusações são gravíssimas. Ficamos sabendo pela imprensa e ainda não tivemos acesso aos autos, mas o que foi divulgado até agora já é muito grave. O partido vai analisar todos os critérios e não vamos permitir interferência política. Confiamos na investigação e no trabalho da polícia”, afirmou.

Carlos Minc (PSB), que também participou da reunião, destacou que a decisão está consolidada e se baseia em indícios de possível conivência com o crime organizado. “Estamos falando de uma possível conivência com o Comando Vermelho. Nós, da esquerda, vamos votar pela manutenção da prisão e pelo afastamento. O deputado Bacellar tem direito à ampla defesa, mas o que já foi divulgado mostra proximidade com alguém que vendeu armas e drones para a facção”, disse.

Minc ressaltou ainda que o episódio gera constrangimento entre parlamentares bolsonaristas da Alerj. “Deputados da direita, que dizem combater o crime, estão muito incomodados, porque isso atinge diretamente o discurso deles. Queremos analisar o processo inteiro, respeitando a presunção da inocência, mas não se pode manter conivência nem frear investigações da Polícia Federal e do Supremo”, pontuou.

Além dos votos da esquerda, Minc acredita que alguns parlamentares da base do governo devem apoiar a manutenção da prisão, embora ainda haja divisão quanto à permanência de Bacellar na presidência. “Nossa posição é impedir qualquer aproximação do Poder Legislativo com o Comando Vermelho. Essa sigla não é partido, não pode ser objeto de negociação”, ironizou.

O deputado também avaliou que a crise pode influenciar o julgamento previsto para fevereiro e reconfigurar o cenário político da Casa. “Há muito debate na base. Alguns discutem até quem assumiria a presidência caso haja nova eleição. Mas há quem avalie que o STF pode resolver antes essa questão, o que evita desgaste interno”, concluiu.