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Dois meses antes de ser preso, presidente da Alerj foi capa de revista por projeto contra criminalidade

'Coisas da Política' destacou Bacellar na edição de outubro; parlamentar é acusado de vazar operação para TH Jóias, apontado como elo político do Comando Vermelho

Agência O Globo - 04/12/2025
Dois meses antes de ser preso, presidente da Alerj foi capa de revista por projeto contra criminalidade
Rodrigo Bacellar - Foto: Reprodução / internet

Em outubro, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi destaque na capa da revista Coisa de Política, veículo independente que cobre o cenário político fluminense. Na ocasião, a publicação intitulou a edição como “Bacellar no combate ao crime”, ressaltando um projeto de autoria do parlamentar voltado ao enfrentamento da criminalidade.

Na manhã desta quarta-feira, Bacellar foi preso pela Polícia Federal, suspeito de vazar informações de uma operação ao deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, também detido por supostas ligações com o Comando Vermelho.

A edição de outubro da revista detalhou o Pacote de Enfrentamento ao Crime Violento, projeto sancionado pelo governador Cláudio Castro no mesmo mês. A proposta, de autoria de Bacellar, reúne medidas para a Segurança Pública, como restrição de visitas íntimas em presídios do Rio, definição de tempo mínimo para internação de adolescentes infratores e monitoramento de egressos do sistema penitenciário.

O projeto foi apresentado em meio a um embate político entre Bacellar e o governador. O parlamentar protocolou a proposta antes de Castro, o que garantiu que seu texto fosse votado e aprovado.

Em junho do ano passado, Bacellar já havia sido destaque na capa da revista, que abordou o início dos debates sobre segurança pública na Alerj e a aprovação de um projeto de lei ampliando a participação da sociedade civil no Conselho Estadual de Segurança Pública e Defesa Social.

Prisão do presidente da Alerj

Bacellar foi preso sob acusação de obstrução à investigação, por supostamente vazar dados sobre a operação da Polícia Federal contra TH Jóias. Segundo relatório da PF, Bacellar teria alertado o colega sobre a ação, orientando-o a eliminar possíveis evidências, como apagar dados do celular.

TH Jóias responde a processos por tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, além de ser suspeito de intermediar negociações de armas com o Comando Vermelho. A prisão foi decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), onde o caso tramita.

Operação Zargun

Em 3 de setembro, TH Jóias foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, acusado de tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas para o Comando Vermelho. De acordo com as investigações, ele usava o mandato na Alerj para favorecer o crime organizado, intermediando a compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones para o Complexo do Alemão. Também é acusado de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante — para um cargo parlamentar.

Na ocasião, foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva, dos quais 15 foram cumpridos, além de 22 mandados de busca e apreensão em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia e Copacabana. Na Alerj, policiais federais e procuradores recolheram um malote com apreensões.