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Antes de ser preso, TH Joias monitorava a própria casa por câmeras e avisou Bacellar da operação

Conteúdo do celular de TH Jóias foi usado como prova para justificar a prisão do presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, nesta quarta-feira.

Agência O Globo - 04/12/2025
Antes de ser preso, TH Joias monitorava a própria casa por câmeras e avisou Bacellar da operação
TH Jóias - Foto: Reprodução / Agência Brasil

O relatório da Polícia Federal que fundamentou a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinando a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), revela as interações dele com o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias. Momentos antes de ser preso, em setembro, no âmbito da Operação Zargun, TH Jóias enviou a Bacellar uma foto do circuito de segurança mostrando a Polícia Federal na porta de sua casa no dia da operação.

Após trocar de telefone na véspera da ação que resultou em sua prisão, TH Jóias comunicou Bacellar sobre a presença dos agentes federais.

“Já no dia da operação, mais precisamente às 06h03, a gravidade das interações vai além: TH envia para BACELLAR a foto de um celular contendo as imagens do sistema de segurança do imóvel objeto da busca, com a equipe policial desta Polícia Federal em seu interior, além de compartilhar com ele o telefone de sua advogada”, descreve o relatório da PF sobre a operação que teve TH Jóias como alvo.

A Operação Zargun foi deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e a Polícia Civil, por meio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco-RJ). TH Jóias foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, suspeito de utilizar o mandato na Alerj para favorecer o crime organizado.

Ele é acusado de intermediar a compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão, além de indicar a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso — para um cargo parlamentar.

Na manhã desta quarta-feira, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado estadual Rodrigo Bacellar (União Brasil), foi preso na Operação Unha e Carne, deflagrada pela PF. Ele é suspeito de vazar informações sigilosas da investigação e de obstruir as apurações da Zargun.

De acordo com a PF, Bacellar orientou TH Jóias a se desfazer de objetos de interesse dos investigadores antes da chegada dos agentes à sua residência:

"O Deputado Estadual RODRIGO BACELLAR, Presidente da ALERJ, toma ciência prévia da ação policial, conversa com o principal alvo de tal ação e ainda o orienta sobre a retirada de objetos de interesse da persecução da residência", aponta o relatório da PF.

O conteúdo do celular de TH Jóias e os vídeos das câmeras de segurança do condomínio onde ele mora foram usados como prova para justificar a prisão de Bacellar:

"A materialidade dos crimes e os robustos indícios de sua autoria estão inequivocamente comprovados pelas informações obtidas por meio da análise do CFTV e registros de entrada do Condomínio Mansões, bem como do conteúdo do aparelho celular apreendido sob a posse de TH JOIAS, os quais denotam que a atuação de RODRIGO BACELLAR teve o condão de frustrar o sucesso da operação policial na apreensão de bens de interesse das investigações subjacentes", acrescenta a PF.