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Relator do projeto Antifacção alerta para avanço do crime organizado após prisão de presidente da Alerj

Senador Alessandro Vieira afirma que crime organizado se infiltra na política e defende urgência na aprovação do projeto Antifacção após operação da PF que prendeu Rodrigo Bacellar.

Agência O Globo - 03/12/2025
Relator do projeto Antifacção alerta para avanço do crime organizado após prisão de presidente da Alerj
Relator do projeto Antifacção alerta para avanço do crime organizado após prisão de presidente da Alerj - Foto: Em destaque, à bancada, senador Alessandro Vieira (MDB-SE).

O relator do projeto Antifacção no Senado, Alessandro Vieira (MDB-ES), destacou nesta terça-feira (data atual), após a prisão do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar (União Brasil), que o crime organizado tem se expandido para a esfera política, o que reforça a necessidade de aprovação urgente do projeto.

Vieira apresentou o parecer do projeto nesta manhã e iniciou a leitura na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

— O avanço do crime organizado no Brasil se materializa aos nossos olhos. No dia de hoje, foi preso o presidente da Assembleia do Rio. Então, acho que a compreensão do que é crime organizado deve ser um preâmbulo. O crime organizado não é apenas a materialização do pobre, na favela, com fuzil. O crime organizado é uma estrutura econômica poderosa, infiltrada em todos os ramos do poder dentro e fora desse país — afirmou o senador.

Rodrigo Bacellar foi preso na manhã desta terça-feira pela Polícia Federal durante operação voltada a combater o envolvimento de agentes públicos no vazamento de informações sigilosas da investigação que levou à prisão do deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias. Ainda não há confirmação sobre como ocorreu o vazamento. Segundo a Polícia Federal, a ação ilegal prejudicou as investigações da Operação Zargun.

Agentes da PF cumprem um mandado de prisão preventiva, oito mandados de busca e apreensão e um mandado de intimação para medidas cautelares diversas da prisão, todos expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

No dia da Operação Zargun, a PF já havia anunciado a abertura de inquérito para apurar um possível vazamento, após TH Jóias deixar sua residência na véspera da ação que resultaria em sua prisão. O deputado foi localizado posteriormente em outro endereço.

A operação ocorre em meio à decisão do STF no julgamento da ADPF 635/RJ (conhecida como ADPF das Favelas), que determinou à Polícia Federal a investigação da atuação dos principais grupos criminosos violentos no estado e suas conexões com agentes públicos.

Operação Zargun

Em setembro, o deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, foi preso em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. De acordo com as investigações, ele usava o mandato na Alerj para favorecer o crime organizado, sendo acusado de intermediar compra e venda de drogas, fuzis e equipamentos antidrones destinados ao Complexo do Alemão. Também teria indicado a esposa de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão — apontado como traficante e também preso — para um cargo parlamentar.

Foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva, dos quais 15 foram cumpridos, além de 22 mandados de busca e apreensão em endereços na Barra da Tijuca, Freguesia (Zona Oeste) e Copacabana (Zona Sul). Na Alerj, policiais federais e procuradores recolheram materiais apreendidos.