RJ em Foco

Tenente da PM morto no Recreio é sepultado sob forte comoção: "Foi como se abrisse um buraco no chão", diz amigo

Jonathan Francisco da Silva, de 34 anos, foi atingido no pescoço durante confronto com traficantes do Comando Vermelho na comunidade Beira Rio

Agência O Globo - 16/11/2025
Tenente da PM morto no Recreio é sepultado sob forte comoção: 'Foi como se abrisse um buraco no chão', diz amigo

O corpo do tenente da Polícia Militar Jonathan Francisco da Silva, de 34 anos, foi sepultado neste domingo, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O oficial foi morto na madrugada de sábado, durante um confronto com criminosos na comunidade Beira Rio, no Recreio dos Bandeirantes. Mais de cem pessoas, entre familiares, amigos e colegas de farda, compareceram à cerimônia, marcada por emoção, tristeza e indignação. O adeus contou com honras militares, incluindo três salvas de tiros e uma orquestra fúnebre formada por integrantes da corporação.

— Jonathan era amigo de todos, orgulho da família por ser estudioso e exemplar. Cumpriu sua missão, alcançou o sonho de ingressar na PM e se tornar oficial, mas nunca deixou de estudar — afirmou Marcos Silva, amigo e padrinho de casamento do tenente. — Ao receber a notícia, foi como se abrisse um buraco no chão. O coração acelerou, senti um calafrio e comecei a chorar.

No cemitério, colegas de farda destacaram a humildade e a dedicação de Jonathan à profissão.

— Jonathan era muito humano no trato com seus subordinados. Uma pessoa excepcional. É difícil acreditar que isso tenha acontecido com alguém tão bom — relatou um policial que trabalhou com ele no 40º BPM (Irajá), antes de sua transferência para o 31º BPM, há dois meses.

Lotado no 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), Jonathan ingressou na PM em maio de 2019, após servir como cabo do Exército. Formado em Direito, o militar era natural da Pavuna e, há cerca de três anos, residia no Recreio. Ele deixa esposa e uma filha de três anos.

Com a morte de Jonathan, sobe para 51 o número de policiais militares mortos em situações violentas neste ano, segundo a corporação.

— Jonathan era um jovem negro, de periferia, pai de família, que escolheu o caminho do bem e buscou oportunidade. Um homem religioso, brutalmente assassinado por narcoterroristas que dispararam contra seu pescoço. Sua morte não será em vão. Já estamos atuando com inteligência, e um dos autores do crime já foi morto. Seremos firmes e a resposta virá à altura — declarou o coronel Marcelo de Menezes Nogueira, secretário de Polícia Militar, presente ao sepultamento.

Confronto na comunidade Beira Rio

O tenente foi baleado durante um cerco tático realizado por equipes do 31º BPM, com o objetivo de prender criminosos na região. Os policiais foram surpreendidos por tiros de fuzil disparados por traficantes. Jonathan chegou a ser socorrido ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra, mas não resistiu aos ferimentos. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital.

— Recebemos informações de que a comunidade Beira Rio estava sob tentativa de invasão por integrantes do Comando Vermelho. As equipes montaram o cerco, e o tenente Jonathan, que liderava uma das equipes, entrou em confronto com vários criminosos e foi atingido por um disparo no pescoço. O bandido morto na ação estava entre os que atiraram contra nossos policiais — detalhou o secretário Menezes.

O criminoso mencionado foi levado ao mesmo hospital que Jonathan, mas já chegou sem vida. Com ele, a polícia apreendeu um fuzil.

— Não vamos recuar um milímetro. Ninguém vai nos deter. A população pode esperar da Polícia Militar o compromisso de estar sempre ao lado do cidadão de bem, para combatermos esse mal que assola o Rio — afirmou o secretário.