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Megaoperação no Rio: lista com 113 presos divulgada inicialmente teve dez nomes repetidos, alguns mais de uma vez
No dia 3, governo estadual enviou um relatório ao STF com um número: 99 pessoas presas
Nomes contabilizados e repetidos por mais de uma vez fizeram parte de uma lista de 113 presos, divulgada pelas autoridades de segurança, no balanço inicial da Operação Contenção. A ação foi realizada pelas Polícias Civil e Militar nos Complexos do Alemão e da Penha, no último dia 28. O engano foi desfeito e veio a público após o governo estadual enviar um relatório ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). No documento, datado de 3 de novembro de 2025, o governador Cláudio Castro revelou que 99 pessoas foram presas durante a megaoperação.
Megaoperação no Rio:
Enfrentamento ao crime:
Segundo a Polícia Civil, o engano ocorreu porque alguns dos presos em flagrante, ou dos que foram detidos por conta de cumprimento de mandados de prisão, acabaram sendo contabilizados a partir de dois registros diferentes. Ou seja, por conta das ocorrências que originaram os respectivos registros e também pelos mandados ou flagrantes. Nesta situação, estariam dez nomes. Alguns deles, repetidos mais de uma vez.
A listagem, no entanto, ainda não foi divulgada pela polícia e nem repassada para a Defensoria Pública Estadual. O confronto envolvendo policiais e traficantes, ocorrido no dia 18, durou 18 horas e deixou 121 mortes. Deste total, quatro eram policiais. Outros 117 eram suspeitos. Em nota enviado ao O GLOBO, a Polícia Civil explicou o ocorrido.
"A Polícia Civil esclarece que, ao todo, 99 criminosos foram presos na operação. Por conta de 10 bandidos que foram presos em flagrante e que também tinham mandados de prisão ativos – parte deles, inclusive, com mais de um mandado –, houve uma duplicação nas informações iniciais."
No relatório entregue, nesta segunda-feira, ao STF, o governo do Rio também detalha que, entre os 99 presos, há 29 pessoas de outros estados e 17 com mandados de prisão em aberto. O objetivo da Operação Contenção era capturar cem procurados. Já entre os 115 suspeitos mortos identificados — material de dois corpos ainda está sendo submetido a exames —, havia 59 pessoas com mandados de prisão. As autoridades só não esclarecem se elas estavam entre as cem que a megaoperação buscava prender.
Em nota, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) afirmou que “espera que as informações sobre a Operação Contenção sejam amplamente divulgadas à sociedade e aos órgãos competentes, em razão do princípio da transparência”. A entidade instalou o Observatório de Investigações para acompanhar todos os desdobramentos da ação policial. “A OAB-RJ adotará as medidas cabíveis para a obtenção de informações precisas e consistentes sobre os fatos”, informou.
Arsenal do CV:
Nas 26 páginas do relatório, Castro enumerou argumentos para o “uso proporcional da força” diante da ameaça imposta pelo Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão. Depois de citar que a facção enfrentou as polícias Civil e Militar — que empregaram 2,5 mil agentes — com “armas de uso restrito” e com “táticas típicas de guerrilha urbana”, Castro admitiu que, no geral, “as capacidades técnicas e os armamentos das forças policiais, em muitos aspectos, se mostram em desvantagem frente a organizações criminosas de perfil paramilitar”.
O número de armas apreendidas no relatório também é diferente do que foi inicialmente divulgado pela polícia: o documento cita 122, enquanto, anteriormente, havia sido informado um total de 118. Na lista atualizada, são 96 fuzis (inicialmente eram 91, corrigido depois para 93), 25 pistolas e um revólver. Há ainda a informação de que foram apreendidos 260 carregadores e 5,6 mil projéteis, além de 12 artefatos explosivos.
Facções:
O documento menciona que cerca de 500 bandidos usavam roupas camufladas para percorrer “trilhas clandestinas em meio à vegetação”, assim como lançaram granadas contra os policiais, por meio de drones.
Procurado nesta terça-feira, o governo do estado ressaltou que os traficantes têm armas de alto poder de destruição, que, por lei, não podem ser usadas pelas forças de segurança. “A polícia está limitada a fuzis 7,62 e 5,56, não pode usar granadas nem drones com capacidade de ataque”, argumentou.
A nota diz ainda que os bandidos da Penha e do Alemão têm de 800 a mil fuzis em mãos e que usam “técnicas de defesa territorial baseadas no conhecimento total do terreno, com rotas de fuga, túneis, minas terrestres, barricadas e pontos de observação que dificultam o avanço das equipes policiais”. “Mesmo diante dessas limitações, as forças de segurança do estado atuam com planejamento, inteligência e respeito absoluto à lei”, acrescentou.
O relatório entregue a Alexandre de Moraes pontua essa diferença entre os armamentos. Destaca o “elevado poder bélico e métodos capazes de gerar risco letal difuso” dos bandidos, mencionando fuzis automáticos de uso militar e “armas de altíssima potência”, como os fuzis .30 e .50. Por outro lado, os policiais estavam equipados com fuzis semiautomáticos e pistolas, por exemplo.
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