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Mais de cem famílias são atendidas pela Defensoria Pública após megaoperação que deixou 121 mortos

Órgão afirma que há grande número de vítimas de fora do estado e pede preservação das provas da ação policial

Agência O Globo - 30/10/2025
Mais de cem famílias são atendidas pela Defensoria Pública após megaoperação que deixou 121 mortos
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Enquanto dezenas de famílias percorrem o Instituto Médico Legal (IML) em busca de informações, uma tenda montada no pátio do Detran, no Centro do Rio, virou ponto de apoio para quem tenta reconhecer os mortos da megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha. No local, defensores públicos se revezam desde a manhã de quarta-feira para prestar atendimento a parentes e conhecidos das 121 vítimas da ação. Ao todo, 106 famílias procuraram o órgão na quarta-feira em busca de ajuda para identificar corpos, conseguir documentos e obter gratuidade de sepultamento.

Cadáveres enfileirados:

Castro classifica como 'sucesso' operação com mais de 120 mortos:

Além do estacionamento do Detran, as equipes da Defensoria foram divididas entre o Complexo da Penha e o Hospital Getúlio Vargas. Segundo a defensora Mirela Assad, que coordena a atuação de mais de 40 funcionários do órgão, na estrutura provisória instalada ao lado do IML, o objetivo foi garantir que nenhum familiar ficasse sem orientação ou suporte jurídico neste momento.

— Nós atendemos ao todo 106 famílias. Algumas buscavam a obtenção de documentação da pessoa obituada, para possibilitar sua identificação civil. Outras já estavam com a identificação concluída, mas precisavam de auxílio para a gratuidade de sepultamento, e elaboramos ofícios para as concessionárias competentes. Tivemos ainda casos de pessoas mortas que tinham origem de outros estados, e auxiliamos os familiares com o alvará judicial necessário para o traslado — explicou Mirela.

De acordo com a defensora, o atendimento vai continuar nos próximos dias, já que o resgate de corpos ainda está em andamento.

A Defensoria informou que também enviou um ofício à chefia da Polícia Militar solicitando as imagens das câmeras corporais e a identificação dos agentes que participaram da Operação Contenção, para "garantir a preservação das provas".

Megaoperação do Rio:

Entre os que ainda procuram por desaparecidos estava a namorada de Fernando Henrique dos Santos, de Goiás. O casal vivia no Rio há quatro anos. Segundo ela, Fernando saiu de casa por volta das 6h20 da manhã da terça-feira e não voltou mais.

— Ele saiu de casa de madrugada e não voltou mais. Estou até agora procurando o corpo — diz a jovem, que prefere não se identificar.

Outra mulher, ex-namorada de um dos mortos, também relatou que ainda não conseguiu localizar o corpo. Ela conta que o ex-companheiro havia se mudado de Goiás para o Rio há seis anos e que, mesmo separados há um ano, foi ela quem avisou à família sobre o desaparecimento.