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'De vítimas lá só tivemos os policiais': Castro fala sobre megaoperação com 119 mortos; veja principais pontos

Equipes policiais estiveram no complexo da Penha e do Alemão na terça-feira. Desde as primeiras horas desta quarta, moradores recuperam corpos em área de mata

Agência O Globo - 29/10/2025
'De vítimas lá só tivemos os policiais': Castro fala sobre megaoperação com 119 mortos; veja principais pontos
- Foto: Reprodução

No dia seguinte à megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, tida como a mais letal, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), falou sobre a ação, no qual classificou como "sucesso". Até o fim da noite, o governo contabilizou mais de 50 mortes, dos quais quatro eram policiais. Desde as primeiras horas desta quarta-feira, moradores da Penha fazem a retirada de corpos da mata da Vacaria, na Serra da Misericórdia, o que, até as 11h, já contabilizam 60 óbitos, o que soma 119.

Cadáveres enfileirados:

Megaoperação do Rio:

Castro se reuniu na manhã desta quarta-feira com integrantes da cúpula da segurança pública do estado e governadores de direita aliados para um balanço da investida contra o Comando Vermelho (CV), realizada na véspera. Confira as principais declarações de Castro sobre a megaoperação.

— O que nos dá certeza de ontem poder ser o início de um grande processo no Brasil. Nós temos a convicção que nós temos condições totais de vencer batalhas, mas sozinhos não temos condições de vencer essa guerra. Essa guerra é uma guerra contra o estado paralelo, que cada dia vem se demonstrando mais forte, com poder bélico maior, com mais poderio financeiro — disse o governador.

Complexos alvos de operação

Nesta manhã, além dos 64 mortos confirmados até o fim da noite de quarta-feira, ao menos mais 60 corpos foram encontrados e recuperados por moradores no Complexo da Penha. Com mais de 120 mortos, a operação se torna a mais letal da história, passando, inclusive o Carandiru.

— O governador desse estado e nem nenhuma secretaria vai ficar respondendo qualquer ministro ou outro agente que queira transformar esse momento em uma batalha política. Quem quiser somar, estará muito bem-vindo. Aos outros, o nosso único recado é suma. Ou soma, ou suma — falou o governador.

Em outro momento de sua declaração, Castro disse:

— Ontem ficou claro o apoio da população porque quer uma solução pro dia a dia. A população quer, a vida que acontece nas nossas ruas, nas nossas casas, na caminhada para o trabalho, na ida das nossas crianças para a escola, na idade e volta para o trabalho. É essa segurança pública que os nossos cidadãos querem.

Um dia para não ser esquecido:

Na tarde de ontem, o município do Rio entrou em estágio 2 no sistema da prefeitura, devido ao número de bloqueios de vias expressas importantes, como as linhas Amarela e Vermelha, e retirada de ônibus das ruas, com mais de 90 usados como barricadas, o que levou ainda mais passageiros aos outros transportes, como metrô, trem e barcas.

Castro destacou o papel do Rio de Janeiro no combate ao crime:

— Por isso, o Rio de Janeiro sai na frente, mas não na perspectiva de fazer sozinho, mas na perspectiva de fazer o seu papel, de entender que o epicentro desse problema de assola o Brasil é o Rio de Janeiro, e que nós não nos furtaremos de fazer a nossa parte.

Em outro momento, disse:

— Algumas ações judiciais fizeram o Rio ser esse grande bunker de lideranças [do crime organizado].

O governador falou sobre a abordagem de sua equipe:

— Todos os meus secretários estão determinantemente proibidos de dar declaração que não seja pró-segurança pública. Não bateremos boca com ninguém. Espero que todas as autoridades entendam que esse é um momento de união, um momento onde temos uma grande oportunidade.

Tempo real:

Na terça-feira, para lidar com a megaoperação policial realizada nos complexos do Alemão e da Penha. Em avaliação reservada, integrantes da Corte criticaram o fato de Castro tentar transferir responsabilidades ao Judiciário, especialmente ao STF, por falhas na execução da operação. Nesta quarta, o governador disse não temer investigações.

— O Rio de Janeiro não tem medo nenhum de fiscalização, de responder, ou de falar o que aconteceu. Ontem foi uma operação de cumprimento de mandado judicial, mais de um ano de investigação, mais de 60 dias de planejamento que incluiu o Ministério Público. Temos muita tranquilidade de defendermos tudo o que foi feito ontem e de que, caso alguém erre, ficar à disposição da lei.

No início desta tarde, em coletiva com representantes da segurança, foi confirmado o número total de 119 mortos, dos quais quatro policiais, a quem Castro disse serem as "verdadeiras" vítimas da megaoperação.

— Queria me solidarizar com as famílias dos nossos quatro guerreiros, que ontem deram a vida para libertar a população. Aquelas foram as verdadeiras quatro vítimas que tivemos ontem. De vítima ontem lá, só tivemos os policiais.

Como combater as facções?

No decorrer da coletiva, Cláudio Castro falou sobre o porquê de considerar os demais mortos todos como suspeitos:

— Quais são os indícios que nos levam a crer que todos eram criminosos? Sendo bem sincero com vocês. Porque o conflito não foi em área edificada, o conflito foi todo na mata, então, não creio que tivesse alguém passeando na mata num dia de conflito, e por isso a gente pode, tranquilamente, classificar. E se tiver algum erro de classificação, ele com certeza é residual. E ele será, ainda que se tenha alguma pessoa que, por um acaso, tenha acontecida, numa situação extraordinária, nós corrigiremos. Nós falamos hoje com tranquilidade que são criminosos.

Na manhã desta quarta-feira, Castro se reuniu com governadores de outros estados, citando nomes como Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ronaldo Caiado, de Goiás.

— Foi uma reunião mais de solidariedade, de parabenização e de percepção que esse é um problema que precisa do Rio de Janeiro para solucionar. Os governadores têm muito a ideia de que grande parte das lideranças criminosas estão aqui no Rio de Janeiro, e que a solução dos seus estados também passa pelo Rio de Janeiro.

Após megaoperação,

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