No auge da, Luiz Inácio Lula da Silva estava incomunicável nesta terça-feira — em retorno da Ásia, dentro do KC-30 da FAB, aeronave sem sinal de celular e sem internet. Com o Planalto sem o presidente na linha, Geraldo Alckmin convocou reunião de emergência em Brasília, e o governo Cláudio Castro (PL) começou a desenhar novas ofensivas contra o Comando Vermelho.

Após operação mais letal do Rio,

Megaoperação do Rio:

A operação de terça-feira, a mais letal da história do estado, foi preparada por mais de 60 dias, e o “day after”, afirmam fontes do governo, já estava delineado antes mesmo da ação.

— Nesta quarta organizaremos os próximos passos, de acordo com o que já foi planejado — disse um auxiliar direto de Castro.

Crise política e ruído com o Planalto

A escalada da violência coincidiu com um momento de tensão política entre o governo fluminense e o Palácio do Planalto. Pela manhã, Castro afirmou que o Rio está “sozinho na guerra contra o crime” e criticou o governo federal por não disponibilizar blindados militares nem decretar GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

— Já entendemos que a política é de não ceder [blindados]. Disseram que seria preciso uma GLO, e depois voltaram atrás. O presidente já disse que é contra a GLO. A gente não vai ficar chorando, vamos trabalhar — declarou o governador.

Mais tarde, após a repercussão negativa, Castro ligou para a ministra Gleisi Hoffmann (SRI) e afirmou que não teve intenção de atacar o Planalto. Nas redes sociais, publicou um vídeo exaltando o “diálogo com o governo federal”.

Diante da crise e da repercussão internacional da operação, Geraldo Alckmin, presidente em exercício, convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto na noite de terça-feira. Participaram os ministros Ricardo Lewandowski (Justiça), Rui Costa (Casa Civil), Jorge Messias (AGU), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e assessores do Exército e da Polícia Federal.

Lula, no entanto, não participou da discussão — o presidente viajava de volta da Ásia, em um voo de mais de 20 horas a bordo do Airbus A330-220 KC-30 da Força Aérea Brasileira, que não dispõe de internet nem sinal de celular.

Reunião convocada por Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma nova reunião com ministros para a manhã desta quarta-feira no Palácio da Alvorada para tratar da crise de segurança pública no Rio de Janeiro. Integrantes do governo dizem ao GLOBO que Lula não tinha a dimensão do tamanho da crise, que já deixa ao menos 64 mortos, durante seus voos de volta do Sudeste Asiático. O deslocamento durou o dia todo, e o avião de Lula pousou em Brasília, vindo de Joanesburgo, por volta das 20h30.