RJ em Foco

O ápice da guerra do Rio: com 64 mortos, ação mais letal da história do estado tem uso de drone explosivo, comércio fechado e caos nas ruas

Até o momento, também foram confirmados 75 fuzis apreendidos e 81 presos, em mais números que confirmam a gravidade do quadro

Agência O Globo - 28/10/2025
O ápice da guerra do Rio: com 64 mortos, ação mais letal da história do estado tem uso de drone explosivo, comércio fechado e caos nas ruas
- Foto: Reprodução

A operação policial que deixou 64 mortos (60 suspeitos e quatro policiais) no Rio, nesta terça-feira, impressiona não apenas pelos números — trata-se da ação mais letal da história do estado, superando em mais do que o dobro os 28 óbitos registrados no Jacarezinho em 2021. Durante os confrontos, além das intensas trocas de tiros, traficantes chegaram a usar drones com explosivos contra as forças de segurança. O ápice da guerra fluminense inclui ainda comércio e instituições de portas fechadas e um completo caos na volta pra casa do carioca, que, diante da escassez de ônibus — usados pelos criminosos para bloquear vias desde o início da tarde —, enfrenta trens e metrôs lotados. Muitos arriscaram longas caminhadas, de mais de uma hora.

Em uma demonstração inédita de poder bélico, bandidos utilizaram drones para lançar granadas contra equipes das forças especiais da Polícia Civil e da PM, em um cenário típico de guerra. Para esse "bombardeio", é acionado um gatilho mecânico ou elétrico que libera a carga enquanto mantêm o equipamento em voo.

Até o momento, também foram confirmados 75 fuzis apreendidos e 81 presos, em mais números que confirmam a gravidade do quadro. Em outro sinal da escalada na crise, o governo estadual declarou que não tem condições de atuar sozinho e que o conflito ultrapassou o âmbito da segurança pública tradicional.

As intervenções de criminosos pelas vias do Rio também afetaram o retorno pós-trabalho. Com o trânsito interrompido por barricadas e interdições, o tráfego ficou lento, com retenções em diversos corredores urbanos. Além disso, a circulação de ônibus foi reduzida, o que provoca aglomerações em pontos de parada. As estações do metrô estão lotadas, e as barcas Rio- Niterói também registram grande número de passageiros.

Comércio e instituições fechadas

Enquanto o caos alastrava-se, portas fechavam-se no comércio e instituições por diferentes pontos da cidade e da Região Metropolitana, como em Niterói, São Gonçalo e na Baixada Fluminense. A UFRJ, a Uerj e a Universidade Federal Rural do Rio suspenderam aulas, bem como faculdades privadas como a Estácio de Sá, que paralisou as atividades em todas as suas unidades do Grande Rio.

Por causa da operação, 46 unidades de educação municipais também tiveram o funcionamento paralisado: 29 no Alemão e outras 17 no Complexo da Penha. Cinco unidades de Atenção Primária que atendem a região não chegaram nem a começar a operar.

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) antecipou a saída de trabalhadores, estudantes, usuários e visitantes da instituição. As atividades foram encerradas nos campi às 15h30. Outra instituição a suspender atividades foi o Sesc RJ, nas unidades na capital e na Região Metropolitana. "A medida tem como objetivo garantir a segurança de funcionários, credenciados e do público em geral, além de colaborar com as ações das forças de segurança", informa, em nota.

Até a Câmara Municipal do Rio de Janeiro suspendeu a sessão plenária prevista para esta terça-feira. Segundo a Casa, a medida visa a garantir a segurança de todos.

Bares e outros estabelecimentos do gênero também optaram por não abrir. O Bar da Gema e o Cine Botequim 2, ambos no Maracanã, estão entre eles. O segundo diz que "lamentavelmente, devido aos acontecimentos que estamos acompanhando na cidade e prezando pela segurança de nossos funcionários e clientes, não funcionaremos hoje".