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Família de professor da UFRJ que desapareceu cria mapa com últimas aparições e pede informações para ajudar nas buscas

Procura pelo idoso, que desapareceu no Morro da Urca, entram no 16º dia

Agência O Globo - 28/10/2025
Família de professor da UFRJ que desapareceu cria mapa com últimas aparições e pede informações para ajudar nas buscas
Antonio Petraglia - Foto: Reprodução / Instagram

A família do professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Antonio Petraglia, de 70 anos, que desapareceu na trilha do Morro da Urca, criou um site para colher informações que possam ajudar a encontrá-lo. A página apresenta características do professor, como idade, altura, cores dos olhos e do cabelo, última vestimenta, além da foto mais recente antes do desaparecimento. Links para o Disque-Denúncia, um resumo do caso, dicas de como ajudar e uma mapa com os locais onde Antônio foi visto pela última vez também compõem o endereço eletrônico. Acesse .

Rio das Pedras:

Paradeiro desconhecido:

O professor desapareceu no último dia 12, na trilha que dá acesso ao Parque Bondinho Pão de Açúcar, na Zona Sul do Rio. As buscas entram no 16º dia nesta terça-feira (28).

De acordo com o Corpo de Bombeiros, equipes de guarda-vidas e operadores de embarcações continuam a postos, realizando o monitoramento e a varredura em toda a costa, atentos ao surgimento de novos pontos de interesse ou indícios da vítima.

O Corpo de Bombeiros foi acionado por volta das 20h daquele domingo, através do Quartel do Humaitá, também na Zona Sul, quando as buscam tiveram início. Militares contam com auxílio de motos-aquáticas, quadriciclos, botes infláveis avançados, mergulhadores, aeronaves, drones e sonares.

Um Posto de Comando Avançado (PCAv) foi montado nas proximidades do Parque do Bondinho para coordenar as equipes em campo.

Desde que foi acionado, na noite do dia 12 de outubro, o Corpo de Bombeiros, informa a corporação, empenhou militares especializados em socorro florestal, em salvamento em montanha, mergulhadores, guarda-vidas e cães de faro com habilidades específicas para busca de pessoas perdidas em matas e florestas, além de drones com câmera térmica, aeronaves e embarcações.

Varreduras terrestres e aéreas foram realizadas em todas as trilhas do Morro da Urca, nas áreas de mata, bifurcações e acessos secundários, assim como no costão do Morro da Urca, em conjunto com a Polícia Civil, que diz que permanece fazendo diligências e ouvindo testemunhas para localizar o professor aposentado.

A Polícia Civil informa que, desde a comunicação do desaparecimento, a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) realizou diversas diligências para localizar o professor. Com o apoio do Corpo de Bombeiros e do Serviço Aeropolicial (Saer) da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foram feitas buscas na Urca, Zona Sul do Rio, nas proximidades de onde ele desapareceu.

Testemunhas foram ouvidas, inclusive um homem que encontrou com Antonio na trilha do Morro da Urca. Imagens de câmeras de segurança foram analisadas, bem como informações do dispositivo de rastreio que ele utilizava. Além disso, os agentes também checaram rumores de que o professor teria sido visto no Centro do Rio, mas os relatos se comprovaram falsos, diz a corporação, uma vez que se tratava de outra pessoa com características semelhantes. Os procedimentos continuam a fim de localizá-lo, afirma a polícia.

'Vamos achar Antonio'

A família criou um site para colher informações que possam ajudar a encontrar Antonio. A página apresenta características do professor, como idade, altura, cores dos olhos e do cabelo, última vestimenta, além da foto mais recente antes do desaparecimento. Links para o Disque-Denúncia, um resumo do caso, dicas de como ajudar e uma mapa com os locais onde Antônio foi visto pela última vez também compõem o endereço eletrônico. Acesse .

Convivência com Alzheimer

O idoso foi visto pela última vez entrando na pista Cláudio Coutinho, na Urca, Zona Sul do Rio, por volta das 17h, quando saiu para sua caminhada habitual. Diagnosticado com Alzheimer, Petraglia fazia passeios regulares por recomendação médica e era monitorado pela família por meio de um aplicativo de localização — cujo sinal parou na área da trilha.

Novas pistas

Nos últimos dias, a família recebeu novas informações que sugerem que Petraglia possa ter deixado a região da trilha.

Relatos enviados por meio de um perfil criado no Instagram para divulgar o caso indicam supostos avistamentos do idoso na Lapa, Glória e Centro do Rio. Segundo parentes, três religiosas de uma ONG que distribui refeições a pessoas em situação de vulnerabilidade afirmaram ter visto o professor almoçando no último dia 16, na Lapa. A hipótese, no entanto, foi descartada pela Polícia Civil.

Amigos próximos contam que na juventude o idoso chegou a morar na Avenida Mem de Sá, umas das ruas principais da Lapa.

— Ele deve estar com a memória seletiva. Todos esses dias, sem tomar o medicamento para Alzheimer, deve ter piorado a situação. Acho que talvez ele esteja rondando essa região por ter memória afetiva da juventude com o local — afirmou Mariana da Hora, amiga da família que está acompanhando as buscas.

Cartazes

Com informações de que o idoso, poderia estar em situação de rua, a secretária municipal de Assistência Social, Martha Rocha, iniciou uma campanha de distribuição de cartazes entre as equipes da Coordenadoria Geral de População em Situação de Rua. Os profissionais atuam nas ruas da cidade 24 horas por dia, oferecendo acolhimento institucional e apoio a pessoas em vulnerabilidade.

Assim, cartazes com as inscrições "Desaparecido" e "Procura-se" começaram a ser espalhados pelas ruas da cidade para auxiliar as buscas do professor aposentado.

Referência em eletrônica

Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), instituição em que ingressou nos anos 1970, Antonio Petraglia é uma referência no ramo da Eletrônica. Mas, em 2021, o docente precisou se aposentar: o diagnóstico de Alzheimer foi o grande culpado disso. Desde então, mesmo sem estar na ativa, segue frequentando o campus do Fundão, acompanhando a mulher, Mariane Petraglia, nos dias em que a também professora universitária precisa dar aulas.

Com graduação em Engenharia Eletrônica pela UFRJ, Antonio também concluiu o mestrado em Engenharia Elétrica pela universidade. Seu currículo inclui ainda o doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade da Califórnia e pesquisas do pós-doutorado nas universidades da Califórnia e do Sul da Califórnia.

Conselheiro da Sociedade Brasileira de Microeletrônica durante quatro anos, Antonio Petraglia tem como principal área de pesquisa a de projetos de circuitos integrados mistos analógicos e digitais para o processamento de sinais, conforme informado no sistema Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).