O roteiro de vinícolas fluminenses ganha mais uma atração em novembro. Quem quiser “carimbar o passaporte” nesse território, ou melhor, encher a taça com vinhos feitos no Rio de Janeiro, tem como próximo destino a Maturano, em Teresópolis, na Região Serrana. A maior vinícola do estado abrirá as portas também de seu restaurante, o Origens. O projeto tem expectativa de receber um público de 100 mil pessoas por ano. Com a inauguração, chega a 11 o número de produtores locais que oferecem experiências de enoturismo. Outros quatro projetos também aceitam visitantes, mas os vinhedos ainda não produzem ou seus rótulos ainda não foram engarrafados.

Marcas registradas:

Clima:

A Maturano soma 202 hectares, mais de dois milhões de metros quadrados, com vinhedos de Syrah, Sauvignon Blanc, Cabernet Franc e Tempranillo, entre outras uvas. A meta este ano é produzir entre 80 e 100 mil garrafas. Em 2024, foram 35 mil. A quantidade pode chegar a 320 mil garrafas em 2032. Todo o complexo foi projetado pela 3DDesign Arquitetura, de Caxias do Sul (RS).

— A vinícola fica no alto de uma colina privilegiada, onde o tempo parece desacelerar. É uma beleza rara. Usamos materiais como vidro, para dissolver fronteiras e convidar a paisagem a entrar na vinícola, além de concreto, madeira e pedra — revela o arquiteto Andrigo Demari.

Praias de Botafogo e Leblon impróprias:

Três idiomas

Inicialmente, o cardápio local inclui três opções para o público, duas delas com degustação de vinhos elaborados pela marca. A mais básica é a visitação, com preço que vai de R$ 130 a R$150, para quem quer apenas conhecer o espaço. A premium inclui passeio pelo vinhedo, exibição de um vídeo sobre o projeto no auditório, tour por áreas como as salas de barricas e de ânforas e pelo corredor que revela o laboratório e os tanques de inox. No fim, são provados três vinhos, junto com charcutaria e queijos de produtores locais. O valor vai de R$ 390 a R$ 410. Os guias falam português, inglês e espanhol — e, em breve, francês.

— A proposta é oferecer uma experiência completa: desde o cultivo das uvas até a celebração dos bons encontros em torno do vinho — revela o sócio Marcelo Maturano.

Carnaval 2026:

Manuela Maturano adianta que outras atrações vão se somar ao programa mais à frente:

— Teremos uma sala sensorial, dedicada à exploração dos cinco sentidos. Também haverá atividades para crianças e adolescentes, com foco na fauna e flora da Mata Atlântica. Serão pequenos exploradores — diz ela.

Os vinhos são feitos com a dupla poda, técnica usada no Sudeste e no Centro-Oeste em razão do clima. A colheita ocorreu no último inverno, com variedades como Syrah, Malbec e Sauvignon Blanc. A enóloga Mônica Rossetti revela que, em dezembro, ou seja, no verão, serão colhidas uvas Chardonnay para espumantes:

— Esse vinhedo está em outro local, com um microclima diferente. Ele permitirá a vindima no verão, como acontece no Sul do Brasil. Será nossa primeira colheita desse vinhedo. Estamos com uma expectativa muito alta.

Violência:

Uva Maturano

A vinícola também plantou um vinhedo com a uva Maturano, a partir de gemas trazidas da Itália. Na pesquisa sobre as uvas que serão usadas pela marca, a família descobriu a variedade homônima. Essas vinhas ainda não estão em produção:

— Somos o único lugar do mundo que também vai produzir vinho com Maturano. É o resgate de nossas origens — revela Manuela.

Parrilla e vegetais orgânicos

O restaurante Origens vai servir parrilla e poderá receber 320 clientes. Neste início, vai operar com metade desse número. A casa será comandada pelo chef Rafael Martins, que trabalhou no Soho House e no Copacabana Palace. Futuramente, será construída uma estufa para produção de vegetais orgânicos, que serão servidos nas receitas.

Também será inaugurada uma capela, com capacidade para 120 pessoas. O templo abriga duas pinturas de Juan Atos, artista de Teresópolis: uma imagem de Jesus Cristo e uma da Santa Ceia. Um sino de bronze foi trazido de Uberaba (MG). Em dezembro, será lançado um condomínio residencial. Em janeiro de 2026, uma gelateria inicia a operação e, em 2028, um hotel.

Cartão-postal do Rio:

Outras atrações

Para quem quer se programar para conhecer outras vinícolas, a Arouca, em Areal, tem visitas com duração de 1h30. O turista passa por todas as áreas do empreendimento e degusta quatro vinhos. Para acompanhar, tábua de frios. A programação ocorre de sexta a domingo e sai a R$ 180 por pessoa. Este ano, 17 variedades foram colhidas para produção de vinhos. O projeto prevê um total de 40 mil garrafas por ano; 16 mil foram produzidas em 2025. Além dos vinhedos, a propriedade inclui três lagos e florestas nativas. Está em fase final de construção um centro cultural de experiências com vinho.

Vinícola veterana em operação no estado, a Inconfidência, em Paraíba do Sul, recebe visitantes há 8 anos. Tem cinco horários, sempre aos sábados, com prova de três vinhos, torradas e azeite. A vinícola tem sete hectares e 24 mil pés em produção. São variedades como Cabernet Franc, Syrah e Cabernet Sauvignon, entre outras.

O produtor José Cláudio Aranha explica que, no verão, são servidos um rosé e um tinto.

Vídeo:

— Mostramos o vinhedo, explicamos como produzimos e seguimos para a degustação. No período mais frio, são três tintos. E aceitamos pets — avisa.

Com vinhos premiados em concursos nacionais, a Altos do Rio fica em Secretário. A vinícola oferece experiências às sextas-feiras e aos sábados, para grupos de até 8 pessoas. Além do tour, é apresentada uma degustação às cegas, que compara quatro vinhos próprios com quatro importados. O preço varia de R$ 300 a R$ 400, dependendo dos rótulos.

A Fazenda Joana, em Bemposta, Três Rios, propõe uma imersão na vida no campo, com hospedagem e pensão completa. Um dos programas é o entardecer no vinhedo, com caminhada pelo parreiral e degustação de rótulos harmonizados com queijos também produzidos ali.