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Câmara aprova projeto que permite transformar corredores do BRT em VLT

Os alvos da proposta são os corredores Transcarioca e Transoeste, que somam mais de 80 estações

Agência O Globo - 23/10/2025
Câmara aprova projeto que permite transformar corredores do BRT em VLT

A Câmara Municipal do Rio aprovou, de forma definitiva, em sessão extraordinária nesta quinta-feira (23), o Projeto de Lei Complementar nº 56/2025, encaminhado à Casa pelo Poder Executivo, que permite a conversão das frotas de BRT dos corredores Transcarioca e Transoeste em Veículos Leves sobre Trilhos (VLT), Veículo Leve sobre Pneus (VLP) ou tecnologia similar. Foram 33 votos favoráveis e 3 contrários. Agora, a proposta segue para sanção ou veto do prefeito Eduardo Paes.

Deputados do Rio querem vender o Maracanã:

Linha Amarela engarrafada e violenta:

O projeto foi aprovado com emendas, que preveem preveem que o Poder Executivo poderá realizar a expansão do serviço de VLT para os bairros de Botafogo, na Zona Sul do Rio e Ilha do Governador, na Zona Norte.

A Transcarioca conta com os terminais Alvorada e Fundão, 45 estações e capacidade para transportar 16 mil passageiros por hora em cada sentido. A Transoeste, formada pelos terminais Santa Cruz, Mato Alto, Pingo d’Água, Curral Falso, Alvorada e Jardim Oceânico, possui 41 estações e a mesma capacidade estimada de transporte.

Audiência pública

Na semana passada, houve uma audiência pública, realizada pela Comissão de Transportes da Câmara Municipal, para discutir o tema. O encontro reuniu representantes da Secretaria Municipal de Transportes e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, sob a condução do presidente do colegiado, vereador Marcelo Diniz (PSD). Também participaram os vereadores Flávio Pato (PSD) e Poubel (PL), vice-presidente e membro votante, respectivamente.

A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio, destacou os estudos desenvolvidos em parceria com o BNDES para avaliar as adaptações necessárias. Segundo ela, a conversão em VLT seria mais viável porque os corredores já possuem calhas e áreas desapropriadas, o que permite uma execução mais ágil.

— Os investimentos são mais altos, mas a qualidade é maior e perdura por mais tempo. A vida útil de um ônibus é menor que a de um trem — afirmou.

Sobre as escolhas pela Transcarioca e pela Transoeste, a secretária explicou que estes corredores já são consolidados, e que os gestores já conhecem as características e demandas das vias.

O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Osmar Carneiro, apresentou os impactos esperados com a implementação do projeto, que incluem benefícios urbanos e ambientais, como a redução de emissões de poluentes; sociais, com diminuição de acidentes de trânsito e geração de renda e empregos; e econômicos, por meio da redução dos custos operacionais.

— Teremos mais previsibilidade, controle e menos acidentes, já que vamos tirar mais carros das ruas — ressaltou.

O secretário também mencionou a possibilidade de adoção dos Veículos Leves sobre Pneus (VLPs):

— Visitamos as duas únicas fábricas do mundo com essa tecnologia, na China. Ela parece promissora em termos de custo-benefício, mas ainda precisamos compreender melhor seu funcionamento.

Durante a audiência, Carneiro também mencionou o projeto do VLT de São Cristóvão, com cinco paradas e 5,2 km de extensão em via dupla.

— Temos a vantagem de integrar o Pavilhão de São Cristóvão, a Quinta da Boa Vista e o Museu Nacional com a estação do VLT de São Cristóvão, o metrô, o trem e os ônibus — explicou.

Representando o Conselho da Cidade, Atílio Moraes fez críticas à proposta:

— Nos últimos anos, foram elaborados diversos projetos de mobilidade, especialmente para os Jogos Olímpicos, que não resolveram o problema. Estudos antigos apontavam esses corredores como linhas de metrô. Falta uma visão sistêmica sobre o que já foi analisado no passado.