RJ em Foco
Guerra de expansão: em dois anos, Comando Vermelho tomou pelo menos dez favelas na Zona Sudoeste do Rio
Na segunda-feira, a PM prendeu 14 suspeitos de integrar uma milícia em Jacarepaguá e apreendeu 12 fuzis, 43 carregadores, duas pistolas e um revólver

A guerra expansionista comandada pelo Comando Vermelho fez da Baixada de Jacarepaguá, antes conhecida por suas vastas áreas verdes, uma região conflagrada e cercada pelo medo. Nos últimos dois anos, a facção tomou a tiros pelo menos dez comunidades na nova Zona Sudoeste, numa estratégia de criar um cinturão ligando o Recreio dos Bandeirantes ao Maciço da Tijuca, no Itanhangá. Para resistir, favelas dominadas por milícias e pelo Terceiro Comando Puro (TCP) reforçam seus territórios com homens e armas. e apreendeu 12 fuzis, 43 carregadores, duas pistolas e um revólver perto do Morro Dois Irmãos, em Curicica. Eles estavam numa construção abandonada da Colônia Juliano Moreira, instituição psiquiátrica que funcionou numa área de sete milhões de metros quadrados entre 1924 e 2022.
Trabalho de Conclusão de Curso:
'Serial killer':
Sem reação
O bando estava com quase mil projéteis. Todo o armamento foi avaliado em R$ 1 milhão. Os suspeitos estavam dormindo no segundo andar de um esqueleto no meio da mata. O vigia foi surpreendido pelos policiais quando usava o telefone celular. Não houve um disparo, e nenhum dos bandidos reagiu. Três deles tinham antecedentes por crime de milícia; as fichas dos demais eram limpas.
— Essa ação é resultado de mais uma etapa da Operação Contenção, que visa debelar toda essa ação expansionista das diversas organizações criminosas. Importante dizer que nosso foco está nas diversas organizações criminosas — explicou o secretário da PM, coronel Marcelo de Menezes.
Atualmente, entre as Vargens e o Itanhangá, os paramilitares ocupam apenas as comunidades da Colônia, do Dois Irmãos e de Curicica, além de Rio das Pedras, berço de nascimento da milícia no Rio. Essa favela tem resistido a ofensivas sistemáticas do CV, que já conseguiu tomar todo o entorno: Muzema, Morro do Banco, Sítio do Pai João e Tijucas, que ficam nas franjas da Floresta da Tijuca.
Segundo a polícia, os detidos de ontem seriam remanescentes da quadrilha de André Costa Barros, o André Boto, preso desde 2021. Eles estariam encarregados de evitar uma nova tentativa de invasão do CV. Entre os 14 presos estão sete homens de Rio das Pedras.
Sucessivos ataques
O Morro Dois Irmãos tem sido alvo dos ataques do CV. No último dia 28, traficantes da Cidade de Deus invadiram a comunidade, mas no dia seguinte a PM fez uma operação e apreendeu três fuzis. A milícia aproveitou que os invasores estavam enfraquecidos e retomou a favela — seis homens da facção foram mortos e deixados dentro de um carro na Estrada dos Bandeirantes.
O CV também foi alvo de uma operação da Polícia Civil no último dia 9. Apontado como um dos “homens de guerra” da quadrilha, Ygor Freitas de Andrade, conhecido como Matuê, foi morto em um tiroteio com agentes no Morro da Chacrinha, na Praça Seca. Apontado como o chefe do tráfico na Gardênia Azul e na Cidade de Deus, ele foi denunciado pela morte de uma jovem de 23 anos, em 2023. O crime teria sido cometido a mando de Edgar Alves de Andrade, o Doca, integrante da cúpula da facção. Segundo a Polícia Civil, ele também estava envolvido na morte do policial civil da Core José Antônio Lourenço, de 39 anos, assassinado na Cidade de Deus.
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