Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) instituição em que ingressou nos anos1970, Antonio Petraglia é uma referência no ramo da Engenharia Elétrica. Mas, em 2021, o docente precisou se aposentar: o diagnóstico de Alzheimer foi o grande culpado disso. Desde então, mesmo sem estar na ativa, ele segue frequentando o campus do Fundão, acompanhando a mulher, Mariane Petraglia, nos dias em que a também professora universitária precisa dar aulas. Desde a noite do último domingo, bombeiros realizam buscas no Morro da Urca, local em que teria desaparecido durante uma caminhada.

— O Petraglia é um professor muito importante na universidade. É um dos caras brilhantes na área de microeletrônica, é referência internacional — conta Fabio Marujo, pesquisar em pós-doutorado do Laboratório de Processamento Analógico e Digital de Sinais (PADS), da Coppe/UFRJ, comandado pela professora Mariane Petraglia. 

Hoje com 70 anos, mesmo com o Alzheimer, a vida de Petraglia mantém vínculos com o campus da UFRJ, graças ao PADS, para acompanhar Mariane. Mas numa rotina bem diferente daquela de quem, até outrora, se mantinha ativo em projetos de pesquisa, assim como na produção de artigos e livros. 

— Tentamos dar um suporte, olhar quando vai ao banheiro (por exemplo). É de partir o coração. Ele fica mais de ouvinte. Por conta do Alzheimer, de algumas coisas ele lembra; outras, ele já não sabe. A professora o leva para o laboratório, onde às vezes fica desmontando uma caneta por duas horas. Atividades simples acabam prendendo a atenção dele — completa Marujo, que compartilhou nas redes sociais um apelo por informações sobre o paradeiro de Petraglia.

Com graduação em Engenharia Eletrônica pela UFRJ, Antonio também concluiu o mestrado em Engenharia Elétrica pela universidade. Seu currículo inclui ainda o doutorado em Engenharia Elétrica pela Universidade da Califórnia e pesquisas do pós-doutorado nas universidades da Califórnia e do Sul da Califórnia.

Conselheiro da Sociedade Brasileira de Microeletrônica durante quatro anos, Antonio Petraglia tem como principal área de pesquisa a de projetos de circuitos integrados mistos analógicos e digitais para o processamento de sinais, conforme informado no sistema Lattes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

Se a doença o fez se aposentar, fisicamente, quem convive com o professor, relata vitalidade. Morador do Flamengo, Petraglia realiza caminhadas na região, por recomendação médica, segundo a família. Uma maneira encontrada de acompanhá-lo foi a de acompanhar um rastreador em seu celular.