Política
Câmara homenageia Marcha das Mulheres Negras e reforça defesa por mais representatividade
Sessão solene destaca importância da presença de mulheres negras em espaços de poder e reivindica reparação histórica e dignidade
Deputadas, ministras e representantes de movimentos sociais defenderam, nesta terça-feira (25), maior participação de mulheres negras em espaços de poder como caminho para uma sociedade mais justa e igualitária. As manifestações ocorreram durante sessão solene da Câmara dos Deputados em homenagem à 2ª Marcha das Mulheres Negras, realizada sob o tema "Reparação e bem viver".
A marcha, que propõe reparação histórica frente às desigualdades sociais e busca assegurar uma vida digna para todos, foi celebrada no Plenário da Câmara sob a presidência da deputada Benedita da Silva (PT-RJ), primeira mulher negra eleita para a Casa, em 1982, e deputada constituinte em 1988.
A deputada Talíria Petrone (Psol-RJ), uma das proponentes da homenagem, ressaltou que as mulheres negras são fundamentais na construção do país e que não se pode pensar no futuro sem garantir sua presença em posições de liderança. "Não há reconstrução possível que não passe pelas mãos das mulheres negras. Não há bem-viver possível que não passe pelas nossas mãos, porque, se é verdade que a nossa existência nesse país é uma existência em tragédia, em dor, é verdade também que não há pedra sobre pedra sem o nosso trabalho, força, ancestralidade, resistência, ciência. Sem os nossos saberes e culturas", afirmou.
Talíria Petrone também lembrou que as mulheres negras são as mais impactadas pelas desigualdades sociais, recebem os menores salários, enfrentam condições de trabalho mais precárias e são as principais vítimas de violência, incluindo o feminicídio.
Representatividade
A coordenadora da bancada feminina, deputada Jack Rocha (PT-ES), reforçou a necessidade de ampliar a representatividade das mulheres negras para garantir poder e dignidade a toda a população. Segundo ela, a marcha simboliza a luta por um novo projeto de país. "É um projeto político de país ocupar esse Plenário, fazer com que o orçamento nos caiba. É um projeto político de país, construir um Brasil antirracista, mas sobretudo que olhe para as mulheres negras com mais respeito, dignidade e com condições de transformar a política", destacou.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, acrescentou que é fundamental que as mulheres negras sejam reconhecidas como cidadãs, com todos os direitos constitucionais assegurados. "Porque nós somos, fazemos parte da construção dessa sociedade. Depois de 300 anos de escravidão, a gente está sempre repetindo isso. Parece que não houve esse racismo estrutural, não se consegue perceber o que são 300 anos da vida de uma população. Essa reparação é reparação devida do Estado brasileiro às pessoas afrodescendentes desse país que colaboram de tantas formas", argumentou.
A sessão contou ainda com a presença das ministras dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo; da Igualdade Racial, Anielle Franco; e da Mulher, Márcia Lopes, além de representantes de diversos movimentos sociais.
A primeira edição da marcha aconteceu em 2015 e reuniu mais de 100 mil mulheres negras em Brasília, em uma mobilização histórica contra o racismo, o sexismo e a violência.
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