Política

Moro aponta 'percepção' de ineficiência da PF no combate ao crime organizado

Durante CPI do Crime Organizado, senador questiona atuação da Polícia Federal e cobra ações mais efetivas contra facções como CV e PCC

18/11/2025
Moro aponta 'percepção' de ineficiência da PF no combate ao crime organizado
- Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Durante reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, realizada nesta terça-feira (18), o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR) questionou publicamente a atuação da Polícia Federal (PF) no enfrentamento ao crime organizado. Segundo o parlamentar, há uma 'percepção' de que a corporação não tem sido suficientemente efetiva no combate às organizações criminosas.

"Talvez por esse episódio do Rio de Janeiro, houve uma percepção de que a Polícia Federal não está fazendo o suficiente, ou pelo menos de que a direção da Polícia Federal não está agindo o suficiente no enfrentamento ao crime organizado", afirmou Moro durante a sessão, que analisou as operações da PF contra facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O senador dirigiu seus questionamentos ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, buscando esclarecimentos sobre o funcionamento das forças-tarefa e operações voltadas à desarticulação dessas organizações criminosas.

A referência de Moro foi à megaoperação realizada no Rio de Janeiro em 28 de outubro, nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou na morte de 121 pessoas, entre elas integrantes de facções e agentes das forças de segurança estaduais.

Na ocasião, o diretor-geral da PF declarou que não fazia "sentido" a participação da corporação na operação conduzida pela polícia do estado do Rio. "Houve um contato no nível operacional informando que haveria uma grande operação e questionando se a Polícia Federal teria alguma possibilidade de atuação na sua área, no seu papel. A partir dessa análise geral, entendemos que não era o modo como a Polícia Federal atua, o modo de fazer operações", explicou Andrei.

O diretor ressaltou ainda que, de acordo com a avaliação da superintendência da PF no Rio, a corporação não possuía atribuição legal para participar daquela ação. "Naquela operação, que era do estado, havia mais de 100 mandados a serem cumpridos pela polícia do Rio, e nós não teríamos atribuição legal para participar; portanto, não fazia sentido nossa participação", completou.

Moro também lembrou que a PF criou um grupo específico para investigar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e questionou por que a corporação não adotou medida semelhante em relação ao CV e ao PCC.

Em resposta, Andrei Rodrigues afirmou que "esses grupos, como a Ficco, são permanentes na atuação da Polícia Federal. Respondendo objetivamente: existem, sim. A exemplo do que foi feito com o crime organizado que tentou um golpe de Estado, nós também atuamos contra o crime organizado nas bases da Ficco e nas bases da Gise, Grupos de Investigações Sensíveis".

O diretor acrescentou ainda que, "cumprindo a ADPF 635 das favelas, estamos atuando na operação Redentor II, no Rio de Janeiro, em razão dessas organizações".

Por fim, Andrei informou que a PF criou recentemente uma área dedicada à análise de dados de facções criminosas, responsável pelo mapeamento de lideranças e estruturas dessas organizações.