Política
Número 3 da Abin diz que dinheiro encontrado em sua casa pela PF estava em cofre e é 'poupança da família'
Paulo Maurício Fortunato foi afastado do cargo por determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes
Alvo de buscas em sua casa na sexta-feira passada, o número 3 da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Maurício Fortunato, afirmou que os U$ 171,8 mil apreendidos em sua casa pela Polícia Federal é fruto de uma "poupança" que faz para quando se aposentar e que o dinheiro não estava escondido, mas guardado em um cofre.
— Quando me foi perguntado se tinha valor em espécie, eu mesmo abri o cofre — afirmou. — Esse dinheiro é a poupança de uma família que tinha sonhos para a aposentadoria e será comprovado oportunamente.
O dinheiro foi encontrado pela PF durante operação que investiga o uso de um programa secreto da Abin para monitorar localização de pessoas por meio do celular durante o governo de Jair Bolsonaro. Cinco servidores da agência foram afastados, por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, entre eles Fortunato.
Secretário de Planejamento e Gestão da Abin no atual governo, Fortunato estava à frente do setor de operações do órgão durante o período de utilização do sistema, no governo de Jair Bolsonaro, e na gestão atual assumiu o posto de número 3 da agência. À PF, ele preferiu ficar em silêncio e não explicou a origem do dinheiro.
Ao GLOBO, porém, nesta segunda-feira, Fortunato disse irá “colaborar plenamente” com a investigação da PF.
— Considero isso fundamental para um servidor que se dedicou por 38 anos a servir ao seu país — afirmou.
A utilização do programa, chamado First Mile, foi revelada em março pelo GLOBO. O sistema secreto utilizado pela Abin tinha capacidade de monitorar, sem autorização judicial, os passos de até 10 mil pessoas por ano. Para isso, bastava digitar o número de um contato telefônico no programa e acompanhar num mapa a localização registrada a partir da conexão de rede do aparelho. A ferrament era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência, comandada à época por Fortunato.
Como o GLOBO mostrou ontem, Fortunato é homem de confiança do atual comando da Abin e considerado por colegas como um “espião à moda antiga”. Ex-integrante do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de arapongagem da ditadura, ele galgou posições de destaque em diferentes governos ao se especializar em operações de vigilância.
Ao longo da carreira, envolveu-se em atritos e em episódios polêmicos. O mais recente deles veio à tona na sexta-feira, quando foi afastado da cúpula da agência por decisão do ministro Alexandre de Moraes. Fortunato é alvo de uma investigação da Polícia Federal e suspeito de comandar a área que, sob o governo de Jair Bolsonaro, rastreava a localização de celulares.
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