Política
Anotações de Cid detalham serviços pessoais para o clã Bolsonaro, como creme de Michelle, iPhone do 04 e camisa do Flamengo
Ex-ajudante de ordens listou compras feitas para primeira-dama e filhos do ex-presidente
Anotações feitas no bloco de notas do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, indicam que o militar não prestava serviços apenas para o presidente da República, mas também para outros integrantes da família. Arquivos armazenados na nuvem do celular do militar, aos quais o GLOBO teve acesso, incluem apontamentos feitos sobre compras de itens pessoais que seriam para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, sobre um celular para Jair Renan e referentes a uma credencial do deputado Eduardo Bolsonaro, ambos filhos do ex-presidente.
Segundo a lei que disciplina a atividade da Ajudância de Ordens, o militar designado ao posto tem como função auxiliar direta e imediatamente ao presidente nos assuntos de “natureza pessoal”, incluindo suporte aos familiares.
Entre as anotações feitas por Cid em seu celular, constam, por exemplo, registros sobre tarefas a serem realizadas durante viagens presidenciais. Em uma delas, para Dallas, nos Estados Unidos, Cid escreveu que precisava comprar “cremes de cabelo para PD” e cita uma “encomenda, que não chegou a tempo, de uma máquina anti-calvície”. A sigla PD costuma ser utilizada por funcionários da Presidência como referência a “primeira-dama”. No caso, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Na mesma anotação, mas dessa vez sobre uma viagem para a China, Cid destacou a necessidade de comprar um suporte de celular “para PD” e também uma camisa do Flamengo. Em outubro de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, o então presidente visitou a China e se encontrou com Xi Jinping, presidente do país. No encontro, Bolsonaro presenteou o líder chinês com uma camiseta do Flamengo.
Na mesma anotação, há outra referência a “camisa do Flamengo na China”, acompanhada do registro “Nióbio no Japão”. O nióbio é um material utilizado na indústria e bastante encontrado no solo do Norte do Brasil.
Durante viagem ao Japão, em 2019, Bolsonaro comprou bijuterias feitas de nióbio e que, segundo ele, custavam mais de R$ 5 mil. O então presidente chegou a mostrar os produtos em suas redes sociais como argumento a favor da utilização em larga escala do nióbio.
Os registros feitos por Cid também citam outros integrantes da família Bolsonaro. Em uma mesma anotação, constam os registros “iPhone Renan nos EUA” e “Dep Eduardo perdeu credencial Davos”, citando dois filhos do presidente: Jair Renan e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Cid está preso desde 3 de maio, quando foi alvo de operação da Polícia Federal que investigava supostas fraudes no cartão de vacinação do ex-presidente e de pessoas ligadas a ele. O ex-ajudante de ordens da Presidência também é alvo de outros inquéritos, como o que investiga a venda de joias presenteadas por autoridades estrangeiras ao Estado brasileiro.
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