O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, identificou uma transação de R$ 168 mil que caiu na conta da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em maio de 2023. A movimentação, referente a uma vaquinha online, foi uma das operações financeiras suspeitas relacionadas à parlamentar e já foi alvo de ação na Justiça do Distrito Federal.

Investigação: Coaf indica movimentação suspeita em conta vinculada a Carla Zambelli

'Imoralidade': Zambelli é alvo de ação na Justiça por vaquinha que arrecadou R$ 168 mil para pagar condenações

Zambelli abriu a arrecadação online alegando que precisava do dinheiro para pagar suas condenações em processos judiciais. Em abril, ela divulgou a vaquinha em suas redes sociais, afirmando que suas indenizações apenas daquele mês somavam R$ 54 mil. A campanha tinha como meta arrecadar R$ 100 mil.

No site da vaquinha virtual, foi publicado o seguinte texto: "Carla Zambelli precisa de sua ajuda! Há um grande número de condenações judiciais contra a Deputada por defender a liberdade. Para que continue sendo sua voz no Congresso, participe dessa iniciativa".

À época, a parlamentar se tornou alvo de uma ação popular na Justiça do Distrito Federal. Em processo que tramita na 14ª Vara Federal, os advogados trabalhistas Amaury Soares Marques Junior e José Antonio Rolo Fachada pediram a devolução de todo o dinheiro recebido pela parlamentar sob o argumento de que a iniciativa fere o princípio da moralidade pública.

Em postagem no Twitter, Zambelli afirmou que doaria o dinheiro que sobrasse para "alguma instituição" ou guardaria para as ações que ainda não foram julgadas pela Justiça.

O Coaf também identificou movimentações financeiras suspeitas em uma conta atrelada a Zambelli e associada ao Movimento nas Ruas, grupo fundado pela deputada protestar pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. O relatório indica "suspeita de lavagem de dinheiro".

"Concluiu-se que as doações recebidas na conta PayPal da Sra. Carla caracterizam movimentação de recursos de terceiro, podendo indicar suspeita de lavagem de dinheiro", diz o relatório do Coaf. A movimentação financeira se refere a transações da ordem de R$ 197 mil feitas entre fevereiro de 2017 e julho de 2019. O dinheiro teria sido doado à associação.

O documento foi remetido à CPI do 8 de janeiro. A deputada entrou na mira da comissão parlamentar de inquérito após o hacker Walter Delgatti dizer, em depoimento, que ela o contratou para fazer uma campanha de descredibilização do sistema eleitoral em 2022.