Política
Ruralistas tentam recompor CPI do MST em encontro com Lira; exclusão de Salles gera bate-boca
Lira prometeu trabalhar pela volta dos membros do colegiado e disse avaliar a ampliação do prazo
A movimentação da Frente Parlamentar da Agropecuária para frear o esvaziamento da CPI do MST gerou um embate direto entre o presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), e o relator do colegiado, Ricardo Salles (PL-SP), nos corredores da Câmara, nesta quarta-feira. Pela manhã, Lupion e o presidente da comissão, Coronel Zucco (Republicanos-RS), foram recebidos na residência oficial de Arthur Lira (PP-AL) para pedir a prorrogação dos trabalhos do colegiado e a volta dos deputados de partidos de centro que deixaram seus postos na CPI.
Salles, entretanto, foi excluído do encontro no qual Lira prometeu trabalhar pela volta dos membros do colegiado e disse avaliar a ampliação do prazo — o que afeta diretamente os trabalhos do grupo e a confecção do relatório final, que será redigido por Salles. Ao se encontrarem no corredor que dá acesso às comissões, os dois tiveram uma ríspida discussão, que foi acalmada pela deputada Caroline de Toni (PL-SC). Salles questionou a condução dos diálogos e o porquê de não ter sido consultado, apesar de ser designado para a relatoria. Em mais de um momento, os dois bateram boca com o dedo em riste.
Ao GLOBO, Lupion confirmou que Salles não foi convidado para o encontro e disse contar com o apoio de Lira para que a CPI do MST não siga sendo esvaziada com o cancelamento de convocações de ministros e a retirada de seus membros.
— Tratou-se de um encontro do presidente da FPA com o presidente da Câmara, simples assim. Fora isso, há muita vaidade. Lira ouviu todos os nossos pedidos e prometeu colaborar. Ele está focado nas discussões sobre o arcabouço e disse que foi 'necessário' impedir a vinda do Rui Costa à CPI, mas que acredita na eficácia dos trabalhos — disse.
Procurado, Salles evitou comentar a exclusão do encontro.
— Foi organizado pelo Lupion. Pergunte a ele — resumiu.
Lira esvazia a CPI do MST em negociação por ministérios
Na semana passada, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à CPI do MST. A medida foi tomada horas antes do previsto para o início do depoimento.
Em outra frente de ação, partidos como Republicanos, que também negocia ministérios com o Palácio do Planalto, decidiram desligar da comissão os deputados alinhados ao bolsonarismo. Diante dos dois movimentos, a cúpula da CPI desistiu de pedir a prorrogação de seus trabalhos por mais 60 dias.
Na decisão que impediu o depoimento, Lira afirmou que “não se demonstrou no requerimento a conexão entre as atribuições do Ministro da Casa Civil da Presidência da República e os fatos investigados pela CPI sobre o MST”. A medida foi tomada a partir de uma reclamação apresentada pelo deputado governista Nilto Tatto (PT-SP).
Já o movimento para mudar a composição da colegiado que mira o MST começou com o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB). Na terça-feira, ele formalizou o desligamento de dois bolsonaristas: o titular Messias Donato (ES) e o suplente Diego Garcia (PR). Ainda não há substitutos para eles, e a CPI funcionará com dois membros a menos em seus quadros.
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