Política
CPI do MST retomará os trabalhos com requerimento para convocar Rui Costa
Já estavam previstas a convocação de petistas; um pedido de prorrogação dos trabalhos do colegiado deve ser apresentado
A CPI do MST retomará os seus trabalhos nesta terça-feira com um requerimento extra-pauta que foi alinhado entre os membros da bancada ruralista pouco antes da sessão marcada para as 14h: será apresentado um pedido para convocação imediata do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para depoimento. A informação foi confirmada por membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que compõem a CPI. Isto ocorre em meio à nova temporada de invasões promovida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra nos últimos dias. Desde a última semana, quatro terrenos foram ocupados em Pernambuco, Bahia e Goiás, inclusive em área da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), referência para o desenvolvimento de tecnologia no campo.
Entre os pedidos que já estavam previstos para serem votados na sessão desta terça estavam as convocações do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, do presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Edegar Pretto, e de Nelson José Grasselli, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Rio Grande do Sul. Os deputados planejam votar a convocação de Teixeira nesta manhã e ouvi-lo na terça-feira da próxima semana.
A mais recente invasão ocorreu no domingo, quando o movimento ocupou o terreno da Embrapa para impedir o Semiárido Show — feira do agronegócio marcado para hoje em Petrolina (PE). De acordo com o próprio MST, que é historicamente ligado ao PT, a atitude foi uma reação à gestão de Lula. O movimento cobra o Ministério do Desenvolvimento Agrário por não cumprir a promessa de assentar 1.550 famílias, o que teria sido acordado.
“Sem acesso à terra, as famílias têm todo direito de protestarem”, disse o MST, em nota. No fim da tarde de ontem, a Embrapa confirmou a saída do grupo da região e disse que o evento ocorreria “normalmente”.
As recentes investidas do movimento geraram problemas ao governo, que já passou a ser instado por adversários a se manifestar sobre as invasões em virtude da proximidade de integrantes do Executivo com o MST. Além disso, dão munição à CPI, dominada pela oposição, e dificultam a relação com os representantes do agronegócio. As invasões também geraram críticas por parte de aliados.
De partido da base de Lula, o deputado Zé Silva (Solidariedade-MG), membro da bancada ruralista na Casa, afirmou que o governo não faz nada para conter as invasões.— Eu não sei qual o acordo do governo com o MST, mas não vi nenhuma medida para garantir essa tranquilidade, essa segurança jurídica no campo — criticou.
Relator da CPI do MST, o deputado Ricardo Salles (PL-SP), disse que as novas invasões serão contempladas em seu relatório final. Também servirá como uma das justificativas para prorrogar a CPI. De acordo com ele, a expectativa é que a comissão ouça José Rainha, que já foi um dos líderes do MST, na quinta-feira.
— Essa invasão demonstra, mais uma vez, que a versão de que eles só invadem área improdutiva é balela — afirmou Salles.
Ontem, a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, não considerou urgente um habeas corpus apresentado por Rainha. Ele queria ser dispensado da obrigação de depor à CPI. Com isso, a expectativa é que a oitiva ocorra mesmo na quinta-feira.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário afirmou ontem, em nota, que Paulo Teixeira iria à feira da Embrapa para tratar “in loco das questões agrárias de Petrolina”. “Desde abril, o Governo Federal, por meio de um grupo de trabalho, tem atuado para atender às demandas dos movimentos”, informou a pasta.
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