Política

Gabinete do ódio deturpa hino nacional e espalha fake news racista

12/05/2022
Gabinete do ódio deturpa hino nacional e espalha fake news racista

Jair Bolsonaro sempre deixou nítida sua posição desprezível em relação às mulheres, à juventude, aos mais pobres e às pessoas negras. São inúmeros os casos de racismo declarado, machismo violento e total desdém pela maior parte da população brasileira. Em um dos mais recentes ataques orquestrados pela milícia digital, o preconceito linguístico se soma a todos os outros para desrespeitar o hino nacional, numa demonstração do que de mais podre a indústria milionária de fake news pode produzir.

Na sanha de espalhar o maior número possível de mentiras contra Lula, o gabinete do ódio elegeu como alvo da nova onda de fake news o hino nacional, interpretado pela cantora e compositora carioca Teresa Cristina no lançamento do Movimento Vamos Junt❤️s pelo Brasil. Em uma montagem grotesca e pautada pelo racismo e pelo preconceito de classe, bolsonaristas dublam a bela voz de Teresa com o áudio de Dona Irene, comediante que canta o hino nacional errado propositalmente.

Teresa é uma mulher negra e, repetindo o discurso de um país escravocrata e misógino, tentam dar a entender que isso seria sinônimo de baixa instrução, desconhecimento com a língua portuguesa e, como a cena final dá a enter: burrice. Isso tem nome: violência política. E não estamos falando aqui do antipetismo que os articuladores políticos dos grandes jornais adoram usar como argumento para esconder seu desprezo pelo povo. Trata-se de machismo, racismo escancarado, um ódio de classe que não conhece limites.

É conquista da luta das mulheres e da negritude que hoje podemos sequer falar em qualquer mínimo avanço em termos de cidadania, inclusão e diversidade no país. É essa multidão que conquistou espaço político, foi ouvido e até hoje denuncia a violência repulsiva que vive na carne todos os dias. A mesma parcela do povo que mais sofre com o desmonte da nação, a alta injustificável da inflação, a perda de direitos e o desgoverno bolsonarista.

Esse tipo de “meme” ou brincadeira não é piada e não tem graça nenhuma. É, na realidade, a forma violenta como a política se estrutura para manter excluídos do debate político e da democracia as mulheres e a população mais pobre. É por conta de conteúdos assim, que normalizam o ódio de classe, de gênero e racial, que vivemos índices tão preocupantes nos dias de hoje.

O Brasil é ocupa hoje o 5º lugar no ranking mundial de feminicídios, que é o assassinato de mulheres motivados pelo fato de elas serem mulher.es Isso quer dizer que a cada 7 horas uma mulher é assassinada no país. Isso mesmo, enquanto você dorme, ou cumpre sua jornada de trabalho, uma mulher morreu no Brasil. Para piorar, mulheres são as mais afetadas pelo desemprego e baixos salários, duas marcas da gestão Bolsonaro. Esses índices são ainda mais preocupantes quando incluímos o recorte de raça. No Brasil, um homem branco que cursou o ensino superior em uma instituição pública ganha, em média, R$ 7.892. Já uma mulher negra formada no mesmo tipo de faculdade recebe, em média, R$ 3.047.

No país governado por quem defende as armas, balas “perdidas” são sempre encontradas em corpos negros e periféricos.A chance de uma pessoa negra ser assassinada no Brasil é 2,6 vezes superior àquela de uma pessoa não negra. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes negros no Brasil em 2019 foi de 29,2, enquanto a da soma dos amarelos, brancos e indígenas foi de 11,2. Os dados fazem parte do Atlas da Violência 2021, elaborado por meio de uma parceria entre o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério da Economia, e o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), ligado ao governo do Espírito Santo.

E mais: antes de se tornar canto de ódio na boca daqueles que se apropriaram do governo e promovem dia a dia sua destruição, o hino nacional é um dos mais importantes símbolos do país. Está na Constituição, no artigo 13, como um dos símbolos da República Federativa do Brasil ao lado da bandeira. Por isso, merece o nosso mais cívico respeito. É uma afronta que tamanho deboche parta justamente daqueles que se cobrem com nosso verde e amarelo para reivindicar alguma legitimidade patriótica.

Não têm e nunca terão. O nosso é um país construído todos os dias pelo trabalho árduo das mulheres, da população negra, dos trabalhadores e trabalhadoras incansáveis que todos os dias deixam suas famílias atrás do pão de cada dia, cada vez mais caro de pagar. São as mesmas pessoas que sabem que, durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as riquezas do Brasil eram dos brasileiros, a fome era coisa do passado e o povo sempre esteve no orçamento.

Nas eleições deste ano, o ódio e as fake news serão um veneno contra a qual temos de lutar com a melhor das armas: a verdade. A mentira foi instrumentalizada pelo governo Bolsonaro para se manter no poder, e se tornou um lucrativo negócio para alguns e um inferno para a maior parte da população mundial. Desde a eleição de Bolsonaro, o Brasil vive sob um regime de meias verdades. Bolsonaro promove e espalha mentiras como política oficial, ao invés de governar o Brasil, gerar emprego, renda, educação e garantir uma resposta responsável à covid-19.