Poder e Governo

STF retoma julgamento do último núcleo da trama golpista com voto de Moraes

Ministros analisam acusações contra ex-diretor-geral da PRF, general da reserva e ex-assessores de Bolsonaro

Agência O Globo - 16/12/2025
STF retoma julgamento do último núcleo da trama golpista com voto de Moraes
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: Reprodução / Agência Brasil

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta terça-feira o julgamento do último núcleo da chamada trama golpista. Está em análise o chamado "núcleo dois", acusado de gerenciar as atividades da organização que tentou manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. O julgamento foi reiniciado com o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes.

Fazem parte do grupo seis réus: o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques; o general da reserva Mario Fernandes; os ex-assessores presidenciais Marcelo Câmara e Filipe Martins; e os ex-diretores do Ministério da Justiça, Marília Alencar e Fernando Oliveira. Todos negam as acusações.

Após Moraes, os demais integrantes do colegiado votam: os ministros Cármen Lúcia, Flávio Dino e Luiz Fux, sendo este último presidente da Primeira Turma.

De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), os integrantes do grupo foram responsáveis por elaborar a chamada “minuta do golpe”, articular uma ação da PRF para dificultar o voto de eleitores do Nordeste nas eleições de 2022 e planejar a operação “Punhal Verde Amarelo”, que previa o assassinato de autoridades.

Os seis réus respondem pelos crimes de tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, deterioração do patrimônio tombado e dano qualificado por violência e grave ameaça ao patrimônio da União.

Na semana passada, as defesas dos acusados pediram a absolvição de todos.

Já o procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou a condenação dos seis, classificando os atos do grupo como graves e afirmando que as tentativas miraram na instalação do caos social.

— As alegações finais descreveram de forma exaustiva os inúmeros alertas recebidos pelos acusados sobre os riscos das mobilizações previstas para o autoalijamento, evidenciando que eles deveriam ter agido para impedir as barbaridades vivenciadas. Ao contrário, optaram por permitir a escalada do caos social no esforço derradeiro e provocar a intervenção militar desejada pela organização — afirmou Gonet.

Segundo o procurador-geral, os réus processados foram responsáveis por gerenciar as principais iniciativas da organização criminosa.

— É evidente a contribuição decisiva que proporcionaram para a caracterização dos denunciados, valendo-se de suas posições profissionais relevantes e conhecimentos estratégicos — concluiu.