Poder e Governo
Janja reage às críticas de Zezé de Camargo contra filhas de Silvio Santos por ida de Lula ao SBT: 'misoginia e machismo'
Artista declarou que comando da emissora 'se prostituiu' ao realizar evento, que também contou com a presença do ministro Alexandre de Moraes, do STF
A primeira-dama, Janja da Silva, reagiu ao posicionamento do cantor Zezé de Camargo, divulgada na madrugada desta segunda-feira, sobre a intenção de romper com a emissora SBT. O artista afirmou não concordar com as presenças do presidente Luiz Inácio da Silva (PT) e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), , na última sexta-feira. Sem citar Zezé, Janja disse que as declarações "de um cantor sertanejo" foram "machistas e misóginas" ao criticar Patrícia e Rebeca Abravanel, filhas de Silvio Santos que atualmente no comando da empresa.
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"Falar que as filhas de Silvio estão 'prostituindo' ao convidar e dar voz ao presidente e demais autoridades no evento do SBT News reflete todo o machismo e a misoginia presentes no pensamento e nas ações de homens que seguem desrespeitando a presença de mulheres em espaços de poder, alimentando discursos de ódio contra nós", publicou Janja, nas redes sociais.
Antes, Zezé havia afirmado que a aproximação com as autoridades "não faz parte" de seu pensamento. Ele gravou o Especial de Natal "É Amor", a ser exibido no próximo dia 17, mas agora afirma não querer que a atração vá ao ar:
— Eu não quero decepcionar as pessoas que pensam diferente. Se puderem fazer um favor para mim, tirem meu especial do ar. A partir do momento que as pessoas pensam diferente do que o pai (Silvo Santos) pensava, do que grande parte do Brasil pensa, do que eu penso, para mim não faz sentido colocar esse especial no ar — afirmou. — Beijo, amo vocês, amo o SBT, tenho o maior carinho, mas acho que vocês estão, desculpem, se prostituindo.
Segundo Janja, os comentários dirigidos às filhas de Silvio Santos e à viúva, Silvia Abravanel, refletem pensamentos e discursos que "ferem moral fisicamente mulheres diariamente em nosso país".
"Quando falamos em não nos calar diante da violência contra as mulheres, é disso que estamos falando também", criticou a primeira-dama. "Silvio Santos foi um dos principais comunicadores do país e, muito respeitosamente, sempre prezou por um espaço democrático".
Zezé não mencionou Lula nem Moraes pelo nome, mas há tempos não esconde a identificação com o bolsonarismo. Em outubro, o sertanejo defendeu a anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, durante show na cidade de Porto Belo (SC). A apresentação foi marcada por apoio exaltado de Zezé a apoiadores de Jair Bolsonaro, preso sob acusação de comandar a trama golpista.
Evento reuniu de Lula a Tarcísio
O lançamento do SBT News ficou marcado pelo tom cordial e risadas compartilhadas entre Lula e adversários políticos, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foram recebidos pela família do fundador Silvio Santos, morto em agosto do ano passado. Pelas redes sociais, Zezé pediu que o SBT não exiba o especial após citar diretamente as filhas de Silvio Santos e apontar uma suposta mudança de postura do canal.
Longe do tom bélico de discursos recentes, o encontro dos políticos no lançamento do SBT News foi marcado por cordialidade, risadas, uma breve conversa entre Lula e Tarcísio sobre a Enel e até sobre exercício físico.
O presidente vinha evitando aparecer junto ao governador, aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e que tem feito críticas diretas ao petista ao longo deste ano. Em setembro, quando foi realizado o leilão do túnel Santos-Guarujá na B3, foi Alckmin quem representou o governo federal. No mês passado, Tarcísio chegou a dizer que o país precisa “trocar o CEO” e criticou a condução do presidente na segurança pública e na administração de estatais.
Mas nesta sexta, Tarcísio e Lula se cumprimentaram brevemente no estúdio onde ocorreu o lançamento do novo canal. Como o presidente chegou atrasado, ficou pouco tempo na sala vip onde estavam as autoridades e convidados, e os dois não se encontraram naquele momento. No estúdio, Lula chegou ao lado da primeira-dama, Janja da Silva, e Tarcísio, que estava sentado, se levantou e cumprimentou o petista com um aperto de mão. Em seguida, o governador virou-se para o lado e cumprimentou a primeira-dama.
Em seu discurso, Tarcísio disse que é preciso “construir a convergência” e que o debate entre diferentes ideias deve ocorrer “na arena política”. Já Lula se dirigiu ao governador ao exaltar os bons indicadores econômicos que o país tem alcançado.
Ao término do evento, houve uma breve conversa entre Lula, Tarcísio e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), sobre a Enel. Em seu discurso, Nunes havia pedido a “ajuda” do presidente para resolver a questão dos frequentes apagões em São Paulo, já que a concessão de distribuição de energia elétrica é de competência federal.
Na conversa, flagrada pelo GLOBO, Nunes apresentou o mapa da falta de energia da Região Metropolitana para mostrar que, só na capital, ainda havia cerca de 500 mil pessoas sem luz na noite de sexta, três dias após o vendaval que causou estragos em São Paulo. Lula disse que iria conversar com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, sobre o tema e que o ministro iria também dialogar com o prefeito. Tarcísio disse que é preciso ter mudanças regulatórias nesse tipo de concessão.
Em seguida, Lula virou-se para o Tarcisio, o abraçou e comentou que ele havia perdido peso e questionou o governador "a que horas você está levantando para fazer ginástica?". Os dois riram e o governador disse que por volta das 6h da manhã.
O tom de cordialidade entre Tarcísio e o governo federal não se restringiu a Lula. Antes da chegada do presidente, Tarcísio passou vários minutos conversando com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e também participou da conversa o ex-jogador Alexandre Pato, que é casado com Rebeca Abravanel, filha de Silvio Santos. Os dois conversaram sobre amenidades, em tom cordial. Um dos temas da conversa foi que o pai de Tarcísio, que também completaria 95 anos assim como Silvio Santos se estivesse vivo, estudou na mesma escola que o fundador do SBT, a Celestino da Silvano, Rio de Janeiro.
Tarcísio e Alckmin trocaram algumas palavras ao lado de Ronaldo Fenômeno. Ronaldo se referiu aos políticos como “dois craques”, ao que Tarcísio respondeu: “Craque é você”. Ronaldo também foi “tietado” do por Lula e pelo ministro do STF Alexandre de Moraes — Moraes, inclusive, aproveitou a oportunidade para tirar uma foto com Alexandre Pato, que jogou em seu time do coração, o Corinthians. Ao GLOBO, Alckmin afirmou que teve “uma interação rápida” com o governador e que “está tudo certo”.
Em um discurso sucinto, Tarcísio elogiou a criação de um novo canal de notícias e disse que o jornalismo é necessário "em um momento de polarização acirrada" e clamou por convergência e diálogo.
— Às vezes se odeiam simplesmente porque pensam diferente. Logo aqui, no Brasil, o país do sincretismo, o país da tolerância, está na hora de mudar essa chave. Está na hora de dar a volta por cima. Nós podemos sim pensar diferentes. O debate vai acontecer na arena política. Mas a gente tem como construir a convergência. Um projeto de futuro — falou, enquanto Lula o assistia da plateia.
Já Lula mencionou Tarcísio em sua fala ao citar os indicadores econômicos de sua gestão:
— Hoje é um dia importante por três razões. A primeira, porque eu estava vendo uma matéria nos jornais e todos os prognósticos negativos contra a economia brasileira, anunciados no início de janeiro, não deram certo, Tarcísio. Tudo melhorou no meio de outubro — falou o presidente em seu discurso.
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