Poder e Governo

Deputadas do PSOL acionam MPF contra Meta por bloqueio de contas de esquerda

Empresa afirma que está 'ciente de um problema técnico' e pede desculpas pelo inconveniente causado aos usuários

Agência O Globo - 11/12/2025
Deputadas do PSOL acionam MPF contra Meta por bloqueio de contas de esquerda
Deputadas do PSOL acionam MPF contra Meta por bloqueio de contas de esquerda - Foto: Depositphotos

As deputadas Sâmia Bomfim (SP) e Fernanda Melchionna (RS), ambas do PSOL, acionaram o Ministério Público Federal (MPF) contra a Meta — controladora do Facebook, WhatsApp e Instagram — por um suposto bloqueio de contas de lideranças de esquerda. O pedido de investigação foi feito em conjunto com a Federação Nacional de Jornalistas e outras três entidades.

De acordo com as parlamentares, o motivo da representação foi o chamado “shadowban” — ocultação de perfis — que teria ocorrido de forma generalizada sobre contas associadas à esquerda, desde o momento em que o deputado Glauber Braga (PSOL-SP) ocupou a mesa do plenário da Câmara, na tarde de terça-feira, até a manhã do dia seguinte.

"Com ampla repercussão, começaram a circular nas redes sociais relatos de usuários do Instagram e X de que perfis de parlamentares do PSOL não estariam aparecendo no campo de busca de cada usuário — mesmo ao digitar o nome completo, a rede social não oferecia a opção de acessar o perfil", afirmam as deputadas na ação.

Entre os nomes citados estão Érika Hilton, Guilherme Boulos, Luiza Erundina, Ivan Valente, Pastor Henrique Vieira e Talíria Petrone, além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Os requerentes solicitam ao MPF que questione a Meta sobre os critérios adotados para penalizar os perfis, qual política interna fundamentou a moderação e se haverá reparação às páginas prejudicadas.

A Meta atribuiu o erro a uma instabilidade no sistema, que também teria afetado perfis de representantes da direita, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e veículos de imprensa, conforme noticiado pelo jornal O Globo.

Em nota, a empresa declarou estar "ciente de um problema técnico ocorrido hoje mais cedo que afetou a capacidade das pessoas de buscar por contas no Instagram". "A questão já foi resolvida e pedimos desculpas por qualquer inconveniente que isso possa ter causado", afirmou a Meta.

Repercussão entre lideranças de esquerda

O episódio gerou reação do PT, que, em nota assinada pelo secretário de comunicação Éden Valadares e publicada no site oficial do partido, manifestou "preocupação diante das denúncias de que diversos perfis de dirigentes, militantes e figuras públicas do campo progressista não estão sendo encontrados ou não aparecem nas buscas das plataformas digitais". O texto reforça a urgência de um caminho sólido para a soberania digital no país e critica "algoritmos opacos, controlados por empresas cujos interesses privados frequentemente se alinham ao projeto da extrema-direita internacional".

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) também se manifestou, afirmando que a empresa "está censurando a esquerda". "Depois da vergonha de ontem na Câmara, que terminou reduzindo a pena dos golpistas, a Meta passou a esconder perfis de esquerda na busca do Instagram, inclusive o nosso", publicou o movimento em seu perfil no X.

Personalidades como a ex-deputada federal Manuela D'Ávila também criticaram a empresa. Em vídeo publicado em suas redes sociais, ela relatou ter tido o perfil ocultado e classificou a falha como "um verdadeiro escândalo".

“É impossível nos identificar e nos marcar no Instagram. Isso é interferência direta nas eleições e no processo de luta democrática brasileira. A Meta já havia pressionado com outras empresas para que o Brasil não regule as redes”, afirmou. “Essas empresas se relacionam, de maneira escancarada, com o governo americano e são aliadas de primeira hora do presidente Donald Trump. Estamos presenciando um gesto de censura e tratamento desigual”, concluiu.

Foto: https://depositphotos.com/