Poder e Governo
Deputados acionam PGR contra Motta após polícia legislativa remover Glauber Braga da presidência da Câmara
Parlamentares alegam violência política, abuso de poder e truculência em operação que retirou psolista do plenário
Deputados do PSOL, PDT e PT protocolaram nesta quarta-feira (10) uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), após a confusão que marcou a sessão plenária na terça-feira. No documento, os parlamentares afirmam que houve "lesão corporal, violência política de gênero e abuso de autoridade" praticados por policiais legislativos sob ordem direta de Motta, durante a operação que retirou à força o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) da cadeira da presidência da Mesa Diretora.
A representação, assinada por Glauber e pelos deputados Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Célia Xakriabá (PSOL-MG), Dorinaldo Malafaia (PDT-AP) e Rogério Correia (PT-MG), aponta ainda violação do regimento interno por parte de Motta. Os parlamentares pedem que a PGR exija da Câmara esclarecimentos imediatos, incluindo a entrega das gravações de vídeo e áudio da sessão interrompida, além da identificação de todos os policiais legislativos envolvidos na operação.
O episódio teve início quando Glauber Braga, que responde a processo por quebra de decoro e pode ter o mandato cassado, ocupou a cadeira de Motta em protesto contra a decisão do presidente da Câmara de pautar seu caso. Durante cerca de uma hora, o deputado permaneceu na Mesa Diretora, afirmando que resistiria "até o limite de suas forças". A retirada forçada gerou empurrões e tumulto no Salão Verde, presenciados por parlamentares e imprensa.
— Eu vou me manter aqui, firme, até o final dessa história. Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa mesa diretora e até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele — declarou Glauber Braga.
O caso ocorreu após o sinal da TV Câmara e da transmissão no YouTube serem cortados, o que intensificou a reação de deputados de diferentes partidos. Um parlamentar do Novo classificou a situação como "triste" e afirmou que a imagem da Casa havia sido abalada. Já um petista avaliou que o episódio representa "mais um desgaste" para Hugo Motta, criticado por não conseguir manter o controle do plenário.
Aliados acompanharam Glauber após a ação policial, entre eles sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim, e o correligionário Tarcísio Motta (PSOL-RJ). O grupo seguiu para uma sala de atendimento médico próxima ao Salão Verde. Paralelamente, a Mesa Diretora restringiu o acesso ao plenário, retirando assessores e imprensa e acionando a Polícia Legislativa.
A tensão ocorre no momento em que Hugo Motta pressiona para votar uma série de processos de cassação. Além de Glauber, devem ir ao plenário já na próxima semana os casos da deputada Carla Zambelli (PL-SP) e dos deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP). No caso de Eduardo, Motta afirmou que o parlamentar ultrapassou o limite de faltas permitido e pode perder o mandato por ato direto da Mesa.
A representação entregue à PGR sustenta que a ação contra Glauber extrapolou o uso proporcional da força e teria sido motivada por perseguição política. Os autores afirmam ainda que deputadas presentes, como Sâmia Bomfim e Célia Xakriabá, foram alvo de violência política de gênero durante o tumulto, reforçando a necessidade de apuração independente.
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