Poder e Governo
Planalto ganha tempo para emplacar Messias, mas senadores temem impacto eleitoral
Aliados avaliam que adiamento da sabatina pode prejudicar governo se votação se aproximar das eleições de 2026
O adiamento da sabatina de Jorge Messias, advogado-geral da União, determinado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), abriu um intervalo político estratégico para o Palácio do Planalto. A decisão, entretanto, expôs de forma mais clara o desconforto entre os senadores, que preferiam a indicação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Com a suspensão do calendário inicialmente considerado rígido, o governo ganha alguns dias decisivos para tentar consolidar apoios. Internamente, porém, a avaliação é que qualquer adiamento que aproxime a votação das eleições de 2026 aumenta o risco de contaminação eleitoral e pode comprometer a viabilidade da indicação.
O relator da indicação, senador Weverton Rocha (PDT-MA), chegou a afirmar que o ideal seria resolver o tema ainda neste ano. Para ele, deixar a decisão para 2025 tornaria o cenário mais incerto e sujeito às disputas políticas que se intensificam com a proximidade do calendário eleitoral.
Senadores alertam para a necessidade de calibrar o processo, já que uma negociação prolongada pode se tornar mais difícil. A eleição para o comando do Senado em 2026, na qual Pacheco é figura central, adiciona tensão ao debate.
Parte dos parlamentares acredita que qualquer votação de indicação ao STF em ano eleitoral será atravessada por disputas internas, alianças voláteis e cálculos de sobrevivência política.
Assim, a percepção é que o Planalto ganhou tempo, mas não necessariamente espaço. Quanto mais o tempo avança rumo a 2026, mais elevado será o custo político de cada voto.
Alcolumbre justificou o cancelamento alegando “interferência no cronograma” por parte do Executivo, já que o Senado foi surpreendido pela ausência da mensagem presidencial formalizando a indicação de Messias — documento indispensável para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) abrir o processo. Em nota enviada aos senadores, Alcolumbre elevou o tom:
“A omissão, de responsabilidade exclusiva do Poder Executivo, é grave e sem precedentes. É uma interferência no cronograma da sabatina, prerrogativa do Legislativo”, afirmou, destacando que o calendário buscava garantir a votação ainda em 2025, evitando levar o tema para o próximo ano.
Apesar do alívio momentâneo para o governo, cresce no Senado a preocupação de que o Planalto esteja apenas ganhando tempo, sem uma estratégia clara para consolidar votos.
A dificuldade para aprovar Messias era admitida até por aliados próximos do governo, que enxergaram no cancelamento um “freio técnico” com função política: segurar o processo até que Messias consiga reconstruir pontes e desfazer resistências, principalmente entre aliados de Pacheco.
Essa movimentação ficou evidente no momento do anúncio do adiamento. Messias estava no gabinete do senador Omar Aziz (PSD-AM), que relatou a reação do indicado:
— Eu disse para ele: “Não tenho nada contra você, Jorge. Acontece que houve uma frustração dos senadores na não indicação do Rodrigo Pacheco, isso aí houve”. Falei para ele e é verdade, havia uma expectativa de que o Rodrigo fosse indicado, agora quem indica é o presidente (Lula). Ele (Messias) falou que não tem nada, que ele não se articulou politicamente para isso — declarou Aziz ao GLOBO.
Aziz contou ainda que Alcolumbre já havia antecipado a decisão em conversa reservada pela manhã:
— O Davi já tinha conversado comigo pela manhã, nós falamos sobre isso, e a decisão estava tomada.
Para Aziz, o adiamento abre espaço para articulação mais cuidadosa:
— O adiamento dá a ele mais tempo para conversar com todos os senadores. A mensagem ainda não chegou, então agora ele tem tempo para fazer essas conversas.
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