Na noite desta segunda-feira (1º), o União Brasil oficializou a indicação do vereador Rubinho Nunes para disputar a presidência da Câmara Municipal de São Paulo. A decisão, no entanto, gerou desconforto com o Executivo, que já articula para barrar a candidatura e deve enfrentar resistências junto à base do prefeito Ricardo Nunes no Legislativo.

Segundo vereadores de partidos de direita e centro-direita ouvidos pelo GLOBO, a candidatura de Rubinho está longe de ser consenso, e aliados do prefeito devem trabalhar para viabilizar um nome alternativo para o comando da Casa.

Há ainda a possibilidade de outras legendas, como PL ou MDB, lançarem candidatos. Em nota, o PL informou que aguardará "posicionamento do diretório nacional para se manifestar" sobre o assunto.

A reunião que definiu o nome de Rubinho não contou com a presença de Ricardo Teixeira, que se recusou a participar, nem com integrantes da direção municipal do partido, presidido pelo ex-vereador Milton Leite.

Após a indicação, Rubinho afirmou que pretende "dialogar com todas as bancadas da Câmara" e sinalizou disposição ao diálogo com o prefeito.

— Respeito o prefeito e o trabalho que ele vem fazendo. As eleições já terminaram há mais de um ano e o que ocorreu ficou restrito ao período eleitoral. De lá para cá, tenho mantido boa conversa com o Executivo e votado a favor dos bons projetos enviados à Câmara — declarou ao GLOBO.

Em nota, o União Brasil destacou que "a escolha da bancada segue a decisão do partido de cumprir o acordo formalizado em dezembro de 2024, que prevê rodízio entre os parlamentares na presidência", acrescentando que "a bancada se reuniu de forma independente".

No ano passado, partidos da coligação de Ricardo Nunes haviam acordado que o União Brasil ficaria com a presidência da Câmara, já que o PL ocupou a vice-prefeitura, com o coronel Mello Araújo, e o prefeito é filiado ao MDB.

Rubinho chegou a ser afastado por decisão judicial devido a acusações relacionadas ao uso de drogas, mas na semana passada o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) reverteu a decisão, permitindo sua permanência no cargo.

A tentativa do União Brasil de emplacar Rubinho repete um impasse do ano anterior, quando a legenda tentou lançá-lo para a presidência da Câmara, mas esbarrou na falta de apoio do Executivo. O ex-presidente Milton Leite também tentou indicar o vereador Silvão Leite, mas, por estar em seu primeiro ano de mandato, não houve consenso. Agora, a base de Ricardo Nunes deve novamente buscar um nome de consenso, com Ricardo Teixeira cotado como favorito.