O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu nesta segunda-feira com o senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, ao Supremo Tribunal Federal (STF). O encontro, realizado durante um almoço no Palácio do Planalto, não constava na agenda oficial do chefe do Executivo.

O Planalto tenta contornar a resistência de senadores, inclusive do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), ao nome de Messias. Alcolumbre e parlamentares de partidos do centro manifestaram descontentamento após Lula preterir Rodrigo Pacheco (PSD-MG), preferido deles, para a vaga aberta com a aposentadoria antecipada de Luís Roberto Barroso no STF. Em nota divulgada no domingo, Alcolumbre afirmou ser “nítida a tentativa de setores do Executivo de criar a falsa impressão, perante a sociedade, de que divergências entre os Poderes são resolvidas por ajuste de interesse fisiológico, com cargos e emendas”.

Apesar do cenário adverso, Alcolumbre decidiu pautar a sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para o próximo dia 10. Para que a sessão ocorra, o Planalto precisa enviar ao Congresso a mensagem presidencial formalizando a indicação, o que tem sido postergado. Parlamentares do Centrão consideram a demora uma estratégia para dar mais tempo ao advogado-geral da União articular apoios entre os senadores.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, avalia que a resistência à indicação de Messias é um desentendimento pontual entre o Senado e o governo, e que será superado. “Dialogar para construir maioria nas casas parlamentares é extremamente natural, e qualquer estresse que seja pontual, eu tenho absoluta convicção de que será resolvido para o bem do Brasil. Quem sabe a hora de o presidente Lula entrar em qualquer discussão é o presidente Lula”, afirmou Silveira durante visita ao Senado.

Enquanto o impasse persiste, Alcolumbre marcou a sabatina antes mesmo do envio oficial da indicação ao Congresso. Messias foi sugerido para a vaga em 20 de novembro, e o envio da mensagem é o primeiro passo formal do trâmite. Diante da demora, o presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), já admitiu a possibilidade de adiar a sabatina.

Segundo o colunista Lauro Jardim, uma das possíveis moedas de troca para facilitar a aprovação de Messias seria a presidência do Banco do Brasil, embora Alcolumbre negue interesse em cargos.

Para conter a crise, a ministra Gleisi Hoffmann, da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), usou as redes sociais para afirmar que o governo mantém “o mais alto respeito e reconhecimento” pelo presidente do Senado.

Em busca de apoio, Messias vai almoçar nesta terça-feira com integrantes do bloco parlamentar formado pelos 16 senadores do PL e do Partido Novo. O encontro foi solicitado pelo próprio Messias e articulado pela senadora Dra. Eudócia Caldas (PL-AL), mãe do prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC. Embora atualmente no PL de Jair Bolsonaro, a família Caldas se aproximou de Lula durante negociações para a indicação de Marluce Caldas, tia do prefeito, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Como parte do acordo político, JHC comprometeu-se a deixar o PL e migrar para uma legenda da base aliada de Lula, o que ainda não ocorreu.

O senador Rogério Marinho (PL-RN), um dos expoentes do partido, afirmou desconhecer a presença de Messias no evento e disse que não participará do almoço.