Poder e Governo

Após megaoperação no Rio, PSD de Eduardo Paes usa inserções para falar de segurança e promete que ‘mudança’ vai chegar

Em seminário no fim de semana, prefeito do Rio defendeu atuação de Lula e culpou governador Cláudio Castro por ‘jogo de empurra’ na área; vídeos de inserções com aliados expõem a intenção de disputar o Palácio Guanabara

Agência O Globo - 01/12/2025
Após megaoperação no Rio, PSD de Eduardo Paes usa inserções para falar de segurança e promete que ‘mudança’ vai chegar
Após megaoperação no Rio, PSD de Eduardo Paes usa inserções para falar de segurança e promete que ‘mudança’ vai chegar - Foto: Reprodução / Agência Brasil

Prefeito do Rio e provável candidato ao Palácio Guanabara no ano que vem, alfinetou a atuação do governador na segurança pública no último sábado ao defender o presidente , de quem é aliado. Além disso, nos últimos dias, o PSD, partido do prefeito, veiculou, em inserções partidárias na TV e no rádio, uma série de peças voltadas para a área. O tema que encabeça a lista de preocupações dos eleitores foi abordado pela sigla com direito a menções à megaoperação na Zona Norte que resultou em 122 mortes no mês passado e promessas de que a “mudança” chegará ao Rio, embora o prefeito ainda evite falar publicamente sobre a candidatura.

Disputa interna:

'Família não tem notícia alguma':

A crítica de Paes ocorreu no último sábado. Ele disse que são os governadores que controlam a segurança pública dos estados e rebateu cobranças feitas ao petista por sua atuação durante a megaoperação.

— Se a segurança vai mal, a culpa é do governador do Rio e dos outros estados do país. O que está sendo feito é um jogo de empurra, é absolutamente ridículo. É óbvio que o governo federal e os municípios podem auxiliar, mas a responsabilidade, quem detém o controle do sistema de segurança pública, são os governos estaduais. Esse debate precisa ficar claro. O jogo de empurrar tem que ser superado — afirmou Paes durante o Seminário Esfera Rio 2025. — Eu ouvi muito aquele negócio de que Lula é presidente do país inteiro. Ele é mesmo. Por que só no Rio de Janeiro a culpa é dele?

Já nas inserções de TV, o PSD deixou o próprio Paes de fora da atual. O vice e possível prefeito a partir de abril de 2026, Eduardo Cavaliere, também não gravou. Foram escalados aliados como o deputado federal e presidente estadual do partido, Pedro Paulo, e o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha.

“Recentemente, nosso estado foi palco de uma batalha sangrenta entre a polícia e o crime organizado. O poder público tem que ser implacável com grupos criminosos que, quando confrontados, tentam implantar o caos na vida do povo trabalhador”, diz Pedro Paulo em vídeo. “A verdade é que eles estão cada vez mais infiltrados na política, na economia e até na cultura consumida pelos nossos jovens. Mas com coragem, firmeza e serenidade nós podemos virar esse jogo. Não perca a fé, a hora da mudança vai chegar”.

A inserção com Ferreirinha é sintomática da transição que o grupo de Paes pretende fazer da cidade para o estado. O secretário afirma que a educação estava abandonada na capital até o retorno do prefeito, em 2021, mas que o trabalho deles a ressuscitou. Afirma, então, que é possível fazer o mesmo na segurança.

Depois da operação mais letal da história do país, tocada pela polícia do Rio nos complexos de favelas do Alemão e da Penha, Paes adotou postura cautelosa. Atento aos dados que mostravam o aval dos cariocas à incursão, evitou criticá-la, mas tampouco a exaltou. Pouco depois, divulgou imagem em Roma, onde teve reuniões com autoridades locais ligadas ao combate ao crime. Desde o início deste mandato, ele e Cavaliere têm anunciado uma série de medidas na área de segurança, dentro do escopo de atuação da prefeitura.

A principal delas é a criação da Força Municipal de Segurança — núcleo de elite, armado, dentro da Guarda Municipal. Os futuros agentes estão passando por treinamentos e a tendência é que comecem a ir às ruas no início de 2026.

Nos primeiros meses do ano, Paes intensificou os pronunciamentos sobre a segurança estadual, geralmente com críticas ao governo Cláudio Castro (PL). Falou mais de uma vez, que faltava uma “política de segurança pública” ao Rio. O cenário mudou nas últimas semanas, já que Castro, até então visto como um gestor pouco ativo para dar recados à sociedade, foi impulsionado pela megaoperação — que ganhou holofotes nacionais e lhe rendeu um boom de seguidores nas redes sociais.

Nome da segurança

Até o momento, a saída de Castro das cordas não é encarada como algo capaz de frear o favoritismo de Paes, já que não há clareza sobre quem tende a ser o candidato da direita. Castro, no entanto, deixou de ser um alvo fácil para opositores, dado que começou a retomar fôlego.

Depois da megaoperação, o grupo de Castro ventila a hipótese de testar nomes ligados à segurança como candidatos ao governo. Não houve, contudo, nenhum movimento concreto nesse sentido. De acordo com interlocutores, Castro voltou a se empolgar com a candidatura ao Senado. (Colaborou Rafaela Gama)