O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará, neste domingo, um pronunciamento em rede nacional para anunciar a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil por mês. A medida, sancionada nesta semana, foi uma das principais promessas de sua campanha em 2022 e tornou-se um dos compromissos mais cobrados desde o início do terceiro mandato. O pronunciamento, gravado na sexta-feira no Palácio do Planalto, terá pouco mais de seis minutos.

A decisão de comunicar o tema em cadeia nacional vai além da formalidade: o governo busca destacar a ampliação da faixa de isenção, que passará a valer em 2026, como um alívio imediato para pelo menos dez milhões de brasileiros.

O anúncio ocorre em meio ao distanciamento entre o Planalto e o Congresso, evidenciado pela ausência dos presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, na cerimônia de sanção da lei que elevou a faixa de isenção. O gesto foi interpretado como um recado político e reforçou, dentro do governo, a necessidade de comunicar diretamente ao público as entregas de campanha.

Auxiliares de Lula enfatizam que cumprir essa promessa é fundamental para sustentar a narrativa de que o governo busca “corrigir injustiças acumuladas” na estrutura tributária. Nos últimos dias, a comunicação do Planalto passou a tratar a medida como parte de uma agenda mais ampla de justiça tributária, combinando a desoneração para quem ganha menos com propostas para aumentar a cobrança sobre faixas de renda mais altas.

O anúncio será alinhado ao chamado pacote “Taxação BBB”, que prevê aumento de tributação para bilionários, bancos e plataformas de apostas. O objetivo do governo é contrastar a entrega da promessa de 2022 com o endurecimento sobre rendas mais altas, criando um eixo didático e politicamente mobilizador para 2026.

No pronunciamento, Lula deve retomar o discurso de 2022, quando criticou o congelamento da tabela do Imposto de Renda por quase uma década, ressaltando que trabalhadores passaram a pagar mais imposto “sem ganhar mais”, apenas devido à inflação.

A nova calibragem do IR prevê três faixas principais: trabalhadores que recebem até R$ 5 mil ficam isentos; quem ganha entre R$ 5.000,01 e R$ 7.350 terá desconto automático na fonte; e contribuintes de alta renda, com ganhos anuais superiores a R$ 600 mil, estarão sujeitos a uma alíquota mínima efetiva de até 10%. O cálculo considera a soma de diferentes rendimentos, como salários, aluguéis, dividendos e aplicações financeiras, para garantir que quem ganha mais não pague menos do que o piso definido.