Poder e Governo

Dino aponta 'indícios robustos' de desvios de emendas e superfaturamento em obras do Dnocs no Ceará

Fiscais do órgão público são suspeitos de omissão em esquema que utilizou fotos falsas de empreendimentos não entregues

Agência O Globo - 28/11/2025
Dino aponta 'indícios robustos' de desvios de emendas e superfaturamento em obras do Dnocs no Ceará
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF) - Foto: Reprodução

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que há "indícios robustos" de desvio de emendas e superfaturamento em obras do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs) no Ceará. Diante desses elementos, Dino autorizou uma operação da Polícia Federal (PF) para aprofundar as investigações.

A apuração teve início a partir de auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU). Conforme informou a PF, as análises da CGU identificaram indícios de superfaturamento, execução parcial ou inexistente de serviços, além de falhas na fiscalização contratual que sugerem possível conluio entre servidores do órgão e as empresas beneficiadas.

Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao Dnocs, à empresa Construmaster e a servidores responsáveis pela fiscalização dos contratos. Sócios da Construmaster também tiveram o sigilo bancário quebrado. Não houve mandados de prisão.

A investigação aponta que as supostas irregularidades tiveram origem em emendas parlamentares indicadas pelo deputado federal Robério Monteiro (PDT-CE). O parlamentar, entretanto, não foi alvo da operação.

Segundo a PF, a Construmaster "atestou ficticiamente a realização de serviços, fraudando as medições apresentadas, buscando dar por realizados serviços que não foram efetivamente executados ou foram executados de maneira incompleta". Ainda de acordo com a polícia, "tudo isso foi aceito pelo Dnocs".

Um dos aspectos mais graves identificados foi a utilização de fotos falsas, de outros locais, para simular a entrega de obras que não foram realizadas. A empresa teria apresentado imagens de ruas de uma cidade como se fossem de outra.

"De maneira mais escrachada, foi identificado o uso de fotos falsas para comprovar a realização das obras. A utilização de imagens de outros locais ou manipuladas para simular a execução de serviços é uma grave irregularidade que compromete a transparência e a confiabilidade do processo de fiscalização", destacou a PF.