O senador Weverton Rocha (PDT-MA), relator da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), comprometeu-se a atuar como "ponte" entre o indicado e os demais parlamentares do Senado a partir da próxima semana. Em reunião realizada nesta quinta-feira, ficou definido que Messias informará, até domingo, com quais senadores já manteve contato presencial ou por telefone. Weverton pretende intensificar o corpo a corpo com seus colegas de Congresso e solicitar que recebam Messias para conversas. Ao jornal O Globo, o senador afirmou não ter recebido qualquer orientação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), de quem é aliado, sobre o teor de seu relatório. Weverton declarou ser favorável à indicação de Messias e disse que pedirá a Alcolumbre para receber o advogado-geral da União o quanto antes.

Durante o encontro, que durou pouco mais de uma hora, Weverton aconselhou Messias a não contar com a possibilidade de votação após o dia 10 — data marcada por Alcolumbre para a sabatina do advogado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e apreciação em plenário. Segundo o senador, um eventual adiamento, caso a mensagem oficial do Planalto com a indicação de Messias não chegue a tempo, poderia aumentar a tensão com o Congresso. Além disso, Weverton avaliou que a indicação enfrentaria ainda mais obstáculos caso a apreciação ficasse para 2026, ano eleitoral.

— Eu sou aliado direto do presidente Lula. Se é indicado por ele, é automaticamente apoiado por mim. Não há qualquer resistência ao Messias, ele cumpre todos os requisitos para isto. Em momento algum, Alcolumbre me fez qualquer pedido ou orientação contrária sobre o relatório. Vou trabalhar para que eles se encontrem em breve — afirmou.

A proximidade da sabatina é vista como uma possível armadilha de Alcolumbre. O indicado do presidente Lula terá menos de duas semanas para dialogar com os 81 senadores e buscar apoio, além de se preparar para a sabatina, etapa que antecede a votação em plenário. Para ser aprovado, Messias precisa de pelo menos 41 votos.

O presidente do Senado defendia a indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) ao STF e demonstrou insatisfação com a escolha de Lula por Messias. Entre aliados, a avaliação é que apenas a articulação política do governo, em "modo convencional", não será suficiente para garantir a aprovação, sendo necessário que o próprio Lula atue para sensibilizar senadores e dialogar diretamente com Alcolumbre.

Em meio ao clima de tensão com o governo, o presidente do Senado marcou a data da sabatina antes mesmo de o Palácio do Planalto enviar a mensagem oficial ao Congresso. Messias foi sugerido para a vaga no STF no dia 20, e o envio da mensagem é a primeira etapa formal do processo de indicação.

A Secretaria de Assuntos Jurídicos (SAJ) da Casa Civil está preparando a documentação conforme o Regimento Interno do Senado, que determina as regras e parâmetros para o envio de indicações de autoridades.

O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), afirmou na quarta-feira que a sabatina de Messias pode ser adiada caso haja demora no envio da mensagem oficial pelo Planalto.

— Enquanto (a mensagem) não chegar ao Senado, corre o risco de a sabatina ser adiada. Mas, por enquanto, valem as datas marcadas — disse Otto.

Questionado sobre a demora, Messias afirmou não se preocupar com o assunto.

— Isso tem que ver com o Planalto — respondeu.

Messias também disse ainda não ter sido recebido por Alcolumbre, mas demonstrou confiança de que o encontro ocorrerá no momento oportuno.

— Gosto muito do presidente Alcolumbre, estou tentando falar com ele, no momento certo ele vai me atender.