Poder e Governo

Em reunião com Motta, Gleisi reforça prioridade do governo para projetos econômicos e PEC da Segurança

Presidente da Câmara nega provocação ao escolher Derrite como relator do PL Antifacção

Agência O Globo - 27/11/2025
Em reunião com Motta, Gleisi reforça prioridade do governo para projetos econômicos e PEC da Segurança
Gleisi Hoffmann - Foto: Kayo Magalhães/Câmara dos Deputados

Apesar do clima de tensão entre o governo e o Congresso, o Planalto mantém como prioridade a votação, ainda este ano, de projetos da área econômica e da PEC da Segurança Pública. As pautas foram apresentadas pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (Republicanos), durante reunião realizada na noite de quarta-feira.

O encontro foi solicitado por Gleisi no início da semana, em meio ao agravamento da crise entre o Executivo e o Legislativo. O ápice do desgaste ocorreu na manhã de quarta-feira, quando Lira e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), recusaram o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para participar da cerimônia de sanção do projeto que ampliou a faixa de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Na conversa, realizada na residência oficial da presidência da Câmara, Gleisi destacou que o governo tem como prioridades a aprovação do projeto que pune os chamados “devedores contumazes”—empresas e pessoas físicas que acumulam dívidas tributárias de forma reiterada e deliberada—, além do corte de benefícios fiscais concedidos pela União. Também estão na pauta a PEC da Segurança Pública e propostas relacionadas ao orçamento de 2026, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).

Apesar do diálogo, o Planalto ainda considera que a decisão de Lira de indicar Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de Segurança licenciado do governo Tarcísio de Freitas, como relator do projeto Antifacção foi “desrespeitosa”.

Deputados próximos ao presidente da Câmara relatam que ele abriu a reunião reafirmando que a escolha de Derrite não foi uma provocação ao governo, mas sim uma consequência natural, já que o projeto teve origem na oposição, apresentado por Danilo Forte (União-CE). Lira também reiterou críticas já feitas publicamente à condução do texto pelo governo, que se opôs à versão aprovada na Câmara, mesmo após a retirada do trecho que equiparava facções criminosas ao terrorismo.

Lira, por sua vez, voltou a expressar incômodo com a resistência do governo e ressaltou que o desgaste com o Legislativo foi agravado pela demora na liberação de emendas parlamentares, tema que tem pressionado sua relação com líderes do Centrão e do PL.

Integrantes do governo avaliam que a reunião não representa uma retomada do diálogo, pois consideram que ele nunca foi de fato interrompido, apesar dos recentes episódios. Já lideranças da Câmara enxergam o encontro como uma tentativa de reorganizar minimamente a relação antes das últimas votações do ano.

A percepção predominante entre os líderes da base é de que a relação ainda está marcada por desconfianças.