Poder e Governo

Ministros do STF indicados por Bolsonaro articulam apoio no Senado a escolhido de Lula

André Mendonça e Kássio Nunes Marques buscam parlamentares da oposição para defender aprovação de Jorge Messias

Agência O Globo - 26/11/2025
Ministros do STF indicados por Bolsonaro articulam apoio no Senado a escolhido de Lula
O ex-presidente Jair Messias Bolsonaro - Foto: Reprodução

O advogado-geral da União, Jorge Messias, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), ganhou aliados de peso em sua busca por apoio no Senado, responsável por aprovar a indicação. Os ministros André Mendonça e Kássio Nunes Marques, ambos nomeados para o STF pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, têm procurado parlamentares da oposição para defender a aprovação de Messias.

André Mendonça tem atuado pessoalmente em favor da indicação. Segundo relatos, ele realizou ligações nos últimos dias para ao menos cinco senadores, principalmente da oposição que o apoiou em 2021. Nessas conversas, Mendonça destacou que Messias "não é militante" e ressaltou seu perfil técnico e religioso. O ministro também enfatizou que o advogado-geral não representa um avanço automático da influência do governo no tribunal e que sua trajetória no Senado e no meio jurídico garante independência. Kássio Nunes Marques também estaria atuando na mesma linha, conforme aliados de Messias.

O próprio Messias intensificou sua articulação e tem se reunido e conversado com senadores em busca de apoio.

Essa movimentação ocorre em meio à pressão imposta pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que marcou a sabatina para 10 de dezembro, reduzindo o tempo do Palácio do Planalto para consolidar apoios. Com apenas nove dias entre a leitura da mensagem presidencial e a sabatina, o governo perdeu margem para que Messias percorra gabinetes e dialogue individualmente com os senadores — movimento considerado fundamental diante da resistência gerada pela forma como Lula conduziu a indicação.

Por outro lado, governo e aliados de Messias tentam adiar a sabatina para ganhar mais tempo. O esforço é direcionado a convencer o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) a aceitar a mudança de data.

— Eu não tenho o poder de desmarcar, mas há muitas pessoas ponderando que está muito em cima — afirmou o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), ao jornal O Globo.

Messias segue com sua agenda intensa no Senado e tem diversos encontros marcados para esta quarta-feira, incluindo uma reunião com a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), uma de suas principais aliadas na Casa.

A ofensiva ocorre em um cenário de acirramento político. A decisão de Alcolumbre de pautar rapidamente a sabatina, sendo ele um defensor do nome de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga, foi vista por líderes como uma forma de "chamar para briga" e ampliar o desgaste com o Planalto. A oposição, fortalecida após a condenação de Jair Bolsonaro, enxerga na votação uma oportunidade de expor fragilidades do governo e pretende usar o curto prazo como elemento de pressão.

Nesse contexto, governistas reconhecem que Lula terá de se envolver pessoalmente para convencer senadores de centro e parlamentares que se sentiram preteridos no processo de escolha.