Poder e Governo
Imprensa estrangeira destaca 'paranoia' e 'surto' alegados por Bolsonaro para danificar tornozeleira
Ministro do STF determinou custódia cautelar do ex-presidente em sala da PF por risco de fuga
As justificativas apresentadas por Jair Bolsonaro para danificar sua tornozeleira eletrônica, atribuídas a uma suposta interação medicamentosa, repercutiram amplamente na imprensa internacional nas últimas 24 horas. Preso preventivamente desde sábado, o ex-presidente afirmou em audiência de custódia no Supremo Tribunal Federal (STF) que uma "certa paranoia" o levou a mexer no equipamento. Esse comportamento foi apontado pelo ministro Alexandre de Moraes como um dos motivos para determinar a custódia cautelar do ex-mandatário em uma sala da Superintendência Regional da Polícia Federal.
O jornal britânico The Guardian destacou: "Jair Bolsonaro alega que 'surto psicótico' o fez violar tornozeleira eletrônica". A publicação ressaltou que o ex-presidente brasileiro admitiu ter usado um ferro de solda para danificar o aparelho, alegando estar "alucinando que estava grampeado". Segundo o Guardian, as declarações ocorreram em meio a suspeitas de que Bolsonaro planejava fugir para uma embaixada estrangeira, a fim de evitar o cumprimento de uma sentença de 27 anos por arquitetar uma tentativa frustrada de golpe de Estado.
Durante a audiência de domingo, conforme relatado pelo Guardian, Bolsonaro afirmou não se lembrar de ter sofrido um episódio psicótico semelhante antes e atribuiu o surto ao uso de dois medicamentos iniciados dias antes.
A BBC também deu destaque ao caso, informando que Bolsonaro atribuiu os danos à tornozeleira a uma "paranoia" induzida por medicamentos. O canal britânico informou ainda que o ex-presidente admitiu ter tentado abrir o aparelho com um ferro de solda na sexta-feira, "até que 'recobriu os sentidos', segundo documentos judiciais". A reportagem ressaltou que, para as autoridades, a situação representou risco de fuga do político, identificado como condenado por conspiração para golpe de Estado.
A agência Reuters relatou que, durante a audiência, Bolsonaro negou qualquer intenção de fuga ou de tentar remover a tornozeleira. "O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse a um juiz neste domingo que a paranoia e as alucinações induzidas por medicamentos o levaram a adulterar uma tornozeleira eletrônica, segundo documentos judiciais, um dia depois de a polícia tê-lo detido por medo de que ele pudesse fugir", resumiu a agência, destacando ainda que outras pessoas — a filha, o irmão mais velho e um assessor — estavam dormindo na casa no momento do ocorrido.
A Al Jazeera também abordou a justificativa dada em audiência de custódia, publicando uma imagem do filho do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro, emocionado durante uma vigília próxima ao condomínio onde o pai estava em prisão domiciliar desde agosto. O canal destacou a menção às "alucinações" supostamente provocadas pela troca de medicamentos e ressaltou que, para os advogados de Bolsonaro, a prisão cautelar na sala da PF representa um risco, considerando o "estado de saúde precário" do cliente.
A agência AFP também repercutiu o "estado de paranoia" citado por Bolsonaro e destacou o vídeo divulgado na véspera, que exibia os danos ao equipamento e uma outra justificativa apresentada pelo ex-presidente.
"Em um vídeo divulgado pelo tribunal no sábado, Bolsonaro admitiu ter usado um ferro de solda na tornozeleira eletrônica por 'curiosidade'. O vídeo mostrava o dispositivo gravemente danificado e queimado, mas ainda preso ao tornozelo dele", informou a agência francesa.
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