Poder e Governo
Após ser indicado, Messias intensifica articulações no Senado e busca reaproximação com Alcolumbre
Auxiliares afirmam que AGU inicia nesta segunda-feira o périplo por gabinetes em busca de votos
Após um fim de semana dedicado a telefonemas e articulações de bastidores, o advogado-geral da União, Jorge Messias, inicia nesta semana a fase mais decisiva de sua trajetória: conquistar os 41 votos necessários no Senado para assumir a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF). As primeiras reuniões internas para traçar o roteiro da operação estão marcadas para esta segunda-feira, quando serão definidos os passos iniciais do périplo.
Segundo auxiliares, Messias passou os últimos dias atendendo ligações de ministros do STF, parlamentares, membros do governo e lideranças religiosas. Instituições públicas e privadas também divulgaram notas oficiais ou manifestações nas redes sociais em defesa de seu nome. Agora, porém, começa a etapa mais delicada: as conversas diretas com senadores, de forma individual e reservada.
A meta declarada é dialogar com todos os 81 senadores, se possível. Messias pretende se colocar à disposição para prestar esclarecimentos sobre sua atuação, ouvir eventuais resistências e ajustar discursos conforme cada grupo político. A definição sobre quem serão os primeiros a receber a visita ainda não está fechada, mas aliados apontam que a prioridade será a reaproximação institucional com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP).
A relação entre Messias e Alcolumbre ficou abalada após a escolha do presidente Lula. Alcolumbre defendia Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga e demonstrou incômodo com o desfecho. No governo, a orientação é contornar o mal-estar antes que ele contamine a tramitação. O próprio Messias já sinalizou a interlocutores que buscará contato pessoal tanto com Alcolumbre quanto com Pacheco, em um esforço para dissipar ruídos e reconstruir pontes políticas.
A articulação formal ficará sob responsabilidade de Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado. Com experiência e trânsito entre oposição moderada e centro, Wagner terá a missão de administrar resistências e organizar a agenda de reuniões. No Planalto, a avaliação é que o episódio da recondução do procurador-geral da República, Paulo Gonet — aprovado por margem mínima de quatro votos acima do necessário — acendeu um alerta vermelho. Para aliados, o resultado evidenciou um ambiente mais hostil e imprevisível do que o esperado, reforçando a necessidade de uma operação mais robusta.
A sustentação religiosa também será central na estratégia. Evangélico, Messias deverá intensificar a aproximação com parlamentares do segmento, movimento que já conta com o apoio público da senadora Eliziane Gama (PSD-MA). Ela deve atuar como ponte junto à bancada feminina e ao grupo de parlamentares cristãos, reforçando o discurso de fé e moderação que o Planalto deseja associar ao indicado. Desde 2023, Messias representa Lula na Marcha para Jesus e mantém diálogo frequente com lideranças evangélicas — fator considerado estratégico para reduzir resistências no campo da direita.
De acordo com levantamento recente do GLOBO, Messias chega à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) sem maioria consolidada. Senadores de MDB e PSD — partidos considerados termômetros da base — ainda se declaram indecisos ou evitam antecipar posição. Entre os governistas, apenas parlamentares de PT, PSB e PDT são vistos como votos certos. Fora desse núcleo, Messias conta com o apoio declarado de Mecias de Jesus (Republicanos-RR) e de Eliziane. Ainda assim, faltam votos para atingir a marca de 14 apoios necessária para formar maioria no colegiado.
A indicação chega ao Senado em um ambiente político marcado por tensões. A percepção de que Alcolumbre se sentiu alijado da escolha pesa, assim como a avaliação de que a mobilização feita por ele para evitar uma derrota de Gonet na semana passada não deverá se repetir. Para senadores, o recado foi claro: o governo não pode contar automaticamente com a Casa.
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